Avenida Jaime Brasil, corredor comercial do Centro de Boa Vista. Foto: Roraima 1

Roraima ficou na última posição na lista dos Estados brasileiros com a maior competitividade, em 27º lugar, segundo o Ranking de Competitividade dos Estados 2021. O estudo do Centro de Liderança Pública (CLP) analisa 86 indicadores, divididos em 10 pilares: infraestrutura, sustentabilidade social, segurança pública, educação, solidez fiscal, eficiência da máquina pública, capital humano, sustentabilidade ambiental, potencial de mercado e inovação.

O ranking tem três objetivos principais: ser uma ferramenta para que a população possa avaliar a qualidade da gestão e sua evolução; gerar atração de investimentos, já que é cada vez mais comum os Estados usarem o ranking nesse sentido; e oferecer um mecanismo de construção e monitoramento de políticas públicas, para que elas sejam assertivas. Grandes projetos que alteram a configuração socioambiental têm como resultado a pressão crescente por serviços públicos como segurança, saúde e educação.

Essa combinação de elementos, segundo especialistas, faz com que o Estado enfrente problemas de natureza, quantidade e intensidade diferente de outros brasileiros. “A publicação evidencia o produto histórico desse arranjo, em que os resultados econômicos crescentes não se convertem plenamente em transformações significativas em outras áreas importantes para a população, mostrando que o setor público possui enormes desafios e responsabilidades na implementação de políticas públicas no Estado e que um salto na qualidade de tais políticas é urgente para a superação dos entraves identificados nos pilares de competitividade”, avalia Lucas Cepeda, gerente de relações governamentais e competitividade no CLP.

Pandemia não determinou resultado

Mesmo que a pandemia da covid-19 tenha impactado diversos setores econômicos e atrasado investimentos, não foi a crise sanitária a responsável pelo resultado negativo, na avaliação de Lucas Cepeda. Como o especialista comentou, o ranking pode ser usado como diagnóstico de quais áreas podem receber mais investimento e precisam se desenvolver no âmbito das políticas públicas. Lucas acredita que existe uma dualidade nesse sentido – ao passo que muitos investimentos podem chegar apenas às áreas que estão mais bem colocadas no ranking, prejudicando os setores que tiveram resultado negativo, também é uma possibilidade de fomentar investimento em novas pastas.

Desafios

Mesmo que não totalmente, ele acredita que a crise influenciou no resultado dos indicadores referentes a 2020 e 2021 devido ao direcionamento da atenção pública para a emergência de saúde, gerando menor atuação do Estado em outras áreas, o que pode ajudar a justificar o cenário de inércia nos indicadores de competitividade locais.

Um passo essencial para mudar a realidade das áreas subdesenvolvidas, na opinião dele, é o planejamento público com base nos indicadores que precisam de maior atenção, como em infraestrutura, segurança e educação, além de identificar a causa principal de cada problema e então remodelar uma estratégia para intervenção, com acompanhamento permanente dos resultados.

Amazônia nas últimas posições

No ranking geral, as cinco últimas posições são ocupadas por Estados da Amazônia: Roraima (27º), Acre (26º), Pará (25º), Amapá (24º) e Maranhão (23º). Sérgio diz que esse desempenho é recorrente e até mesmo um fato histórico entre os Estados da região em rankings de desenvolvimento. Acre e Roraima, por exemplo, ocupam a faixa de fronteira da região Norte e possuem grandes desafios, como baixa integração interestadual, infraestrutura precária, conflitos ambientais, dentre outros. O Amazonas, apesar de também estar na região amazônica, possui dinâmica distinta dos demais Estados devido ao Polo Industrial de Manaus, que faz com que a cidade concentre pouco mais de 50% da população do Estado, com maior acesso a serviços públicos.

Já o Mato Grosso, de acordo com o especialista, faz parte da região Centro-Oeste com maior integração ao eixo Centro-Sul do Brasil e possui questões ambientais e econômicas distintas do Pará e dos outros Estados da Amazônia Legal, inclusive com uma matriz econômica menos diversificada, voltada principalmente para o agronegócio. “Um caso semelhante é o do Tocantins, que possui Palmas como capital, a mais nova do país, cidade que foi planejada e por isso conta com aspectos de competitividades diferenciados”, pontua.

Questão fiscal é pilar

Lucas concorda que cada território tem suas especificidades. Um dos pilares do Mato Grosso, por exemplo, é a questão fiscal. Nos demais Estados do Norte, principalmente, é possível ver que ainda existem compassos, especialmente na infraestrutura. O pesquisador cita o Amazonas como uma espécie de case de sucesso, porque, nos últimos anos, conseguiu subir várias posições no ranking: de 17º em 2018, para 16º em 2019, para 14º em 2020 e agora para 11º em 2021.

Ranking de Estados com melhor competitividade

1º São Paulo
2º Santa Catarina
3º Distrito Federal
4º Paraná
5º Espírito Santo
6º Mato Grosso do Sul
7º Mato Grosso
8º Minas Gerais
9º Rio Grande do Sul
10º Goiás
11º Amazonas
12º Ceará
13º Alagoas
14º Paraíba
15º Pernambuco
16º Rondônia
17º Rio de Janeiro
18º Bahia
19º Tocantins
20º Piauí
21º Sergipe
22º Rio Grande do Norte
23º Maranhão
24º Amapá
25º Pará
26º Acre
27º Roraima

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