Foto: Lucas Leffa / Secom

Entre 2023 e 2025, as ações do Governo Federal para proteger a Terra Indígena Yanomami (TIY) e combater o garimpo ilegal já causaram mais de R$ 477 milhões em prejuízos às atividades criminosas. Coordenadas de forma integrada, essas operações resultaram na apreensão de centenas de máquinas e armas, além da destruição de estruturas utilizadas na exploração ilegal, consolidando avanços significativos na preservação do território e na defesa dos direitos das comunidades indígenas.

Até esta segunda-feira, 11 de agosto, já foram realizadas 6.425 operações de combate, fiscalização e apoio humanitário. Na semana passada, uma operação perto de Boa Vista (RR) resultou na apreensão recorde de 103 quilos de ouro. Com isso, o total de ouro retirado ilegalmente e confiscado pelas forças federais chegou a 138 quilos, avaliados em R$ 82,2 milhões, conforme cotação de sexta-feira (8/8). Coordenadas pela Casa Civil da Presidência da República, as ações contam com a atuação de dezenas de órgãos federais reunidos na Casa de Governo, criada em fevereiro de 2024.

DIÁLOGO — A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, ressaltou a importância das medidas permanentes em diálogo com lideranças indígenas. “O governo Lula estabeleceu um marco histórico nessas ações integradas, garantindo saúde, diálogo e segurança para os povos indígenas e a população de Roraima”, afirmou.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, também destacou os avanços. “Depois de quatro anos de descaso e omissão (2019–2022), que colocaram em risco a vida e dignidade das comunidades indígenas, nossa gestão avança concretamente na proteção dos povos Yanomami, Ye’kwana e Sanöma”.

Redução do garimpo

O cerco às rotas e à infraestrutura do garimpo ilegal tem reduzido drasticamente sua presença na região. Em julho, o índice de áreas de garimpo ilegal na TIY caiu 98%. Desde o início da força-tarefa, foram destruídos 627 acampamentos, 207 embarcações, 101 balsas e 29 aeronaves, além de inutilizados mais de 112 mil litros de diesel e 12 mil litros de gasolina. As forças federais também eliminaram 59 pistas de pouso clandestinas.

Operação Asfixia

Ações de surpresa são constantemente realizadas para enfraquecer as operações ilegais. Só em junho, a Operação Asfixia registrou mais de 220 horas de voo para identificar, apreender e destruir estruturas ligadas ao garimpo.

Entregas federais

Além das ações repressivas, o Governo Federal continua ampliando a presença do Estado na região. Entre as entregas previstas em Roraima estão o polo de saúde em Surucuru, o Centro de Referência em Direitos Humanos Yanomami e Ye’kwana (CRDHYY) e o Centro de Atendimento Integrado à Criança Yanomami e Ye’kwana (CAICYY).

Em diversas comunidades, a retomada do plantio de culturas tradicionais demonstra que a subsistência e a autonomia produtiva estão sendo reconstruídas.

Contexto

Entre 2021 e 2022, a Terra Indígena Yanomami enfrentou uma das maiores crises desde sua demarcação em 1992. O garimpo ilegal avançou rapidamente, impactando a saúde, o meio ambiente e a segurança das comunidades. A redução da fiscalização e a fragilização das estruturas de proteção agravaram a crise humanitária.

Floresta degradada

Levantamentos da Hutukara Associação Yanomami e da Associação Wanassedume Ye’kwana indicam que, até 2020, cerca de 2.400 hectares de floresta foram degradados pelo garimpo, número que cresceu nos anos seguintes, sobretudo nas bacias dos rios Uraricoera, Mucajaí, Catrimani e Parima. Áreas como Waikás, Kayanau e Aracaçá concentraram os maiores danos.

Devastação ambiental

O avanço do garimpo gerou aumento nos casos de malária, picos de COVID-19 em comunidades isoladas, contaminação por mercúrio, conflitos e violência sexual. A presença dos invasores afastou a fauna, dificultando a caça e pesca tradicionais, enquanto o mercúrio contaminava os rios, elevando a desnutrição.

Sem ações articuladas, o garimpo virou uma mineração de médio porte, com infraestrutura permanente, acampamentos consolidados e exploração em larga escala, cenário semelhante ao das décadas de 1980 e 1990, antes da desintrusão que permitiu a demarcação da TI Yanomami.

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