Olhar para o lado e ser auxiliada por bilhetinhos foi uma constante durante a entrevista de Catarina Guerra (União) ao programa Agenda da Semana, da Rádio Folha. O que tinha ao lado? Um assessor de imprensa e um caderninho. A cada pergunta, uma olhadinha para confirmar o que tinha que falar. Foi assim a entrevista inteira.
Na verdade, Weber Negreiros, secretário de Comunicação do Governo do Estado, foi quem deu entrevista de forma indireta. Catarina foi só fantoche. Mal treinada, diga-se de passagem. Seria trágico, se não fosse cômico!
Catarina Iniciou uma entrevista tentando apelar para o fato de ser a única candidata mulher na disputa. O que deve causar certo constrangimento para as mulheres, pois quem mais aparece nos programas eleitorais dela é o governador, um homem. E assume em alto e bom tom que é a candidata do Denarium. Sem ele nem candidata ela seria, começa daí. No próprio guia eleitoral ela assume: “resolvi atender ao convite do governador Denarium para ser a candidata à prefeitura da nossa capital”.
Não foi por vocação, não foi por talento, tampouco por serviço prestado, já que se desconhece qualquer avanço em Roraima oriundo da atuação parlamentar de Catarina Guerra como deputada estadual em segunda legislatura.
Se fazer de coitada e perseguida, aliás, é uma regra na campanha dela. Na entrevista de hoje, voltou a falar sobre a tal perseguição. Acusou a oposição de tirá-la da disputa, sendo que foi o partido dela que entrou com a ação na justiça. Mas, meus amigos, mentir faz parte da estratégia. É a única estratégia desse grupo, aliás.
Catarina não tem segurança, muito menos propostas sobre o que pretende implementar em Boa Vista, caso fosse eleita prefeita. Mostra desconhecimento sobre a cidade. Inclusive, chegando a afirmar que “não tinha dados”. Ela falou isso.
Sabia a quantidade de idosos no programa social de Iracema, mas não sabia o de Boa Vista. Só uma dica, esse número é divulgado com frequência pela Comunicação da Prefeitura. O seu assessor (deveria ser do Estado, mas parece que é seu) sabe disso.
Mas para ela, é mais interessante dizer que está sendo “impedida de ter acesso aos dados”.
Impedido estamos nós, da imprensa, de sabermos quanto foi pago antecipadamente para o show de Manu Bahtidão, dado solicitado via lei de acesso à informação e ignorado pelo governo de Roraima e pela secretaria chefiada pelo senhor Weber. Vão esconder mesmo que metade do cachê dela, o que corresponde a R$ 325 mil, foram desperdiçados pelo governo de Roraima? Isso aí a candidata releva.
Pior, Catarina elogiou ações do Estado enquanto criticou iniciativas do município. Natural, ela é a candidata de Denarium e quer o lugar do atual prefeito, mas o cinismo está alcançando níveis estratosféricos. Catarina elogiou a atuação do governo em áreas como saúde e educação. Pasmem, é isso mesmo.
Teve a coragem de citar a maternidade de lona como exemplo. Sério, a maternidade onde quase 30 crianças morreram em um único mês e mais de 300 em três anos por causa do descaso e da falta de infraestrutura. Catarina era deputada, acompanhou tudo isso e nunca fez uma única crítica ao governo. Foi cúmplice. Em silêncio.
Na educação, tentou justificar que o governo do estado não construiu escolas porque a Prefeitura de Boa Vista não cedeu terrenos. Candidata, temos a obrigação que lhe informar que o governo do estado não construiu escolas em nenhum município de Roraima, durante esses seis anos em que Denarium está no poder. Em municípios, inclusive, que prefeitura e governo são aliados. O que a senhora acha disso? Ele, inclusive fechou uma: a Ayrton Senna, lá na orla, e deu o prédio de presente para o Exército montar a sede da operação acolhida. Sabia não?
Enquanto isso, aqui vai mais uma vez a obrigação de lhe informar, a atual gestão municipal, a quem a senhora tenta derrubar na base da mentira, entregou 15 escolas.
Tudo que foi apresentado, de forma decorada ou na colinha do Weber, já está em execução. Construção de creches e escolas, asfaltar ruas, construir calçadas, ciclovias… e segue a lista de coisas que já estão sendo feitas, mas ela diz que vai fazer. Sem novidade, sem proposta coerente.
Foram duas horas de pura enrolação.
A gente até tenta entender seus objetivos. Mas, de verdade, a candidata não se ajuda.