Foto: Ilustrativa/Arquivo/Exército

A operação da Polícia Federal (PF) realizada na quarta-feira, 20, em oito estados, incluindo dois na Amazônia brasileira, teve como foco o desmantelamento da cadeia de comercialização de ouro extraído ilegalmente da Terra Indígena Yanomami, localizada na Venezuela.

O ouro obtido ilegalmente, conforme apuração da PF, seria utilizado como pagamento pela exportação de alimentos por mercados de Roraima e do Amazonas.

O esquema de contrabando de minério entraria clandestinamente no Brasil via Roraima, por meio de caminhões de transportadoras, sem os procedimentos necessários e o pagamento de tributos.

Posteriormente, o minério seria comprado por outros integrantes do esquema e enviado para empresas atuantes no ramo de exploração de minério aurífero, responsáveis por efetuar o pagamento aos supermercados e às distribuidoras de alimentos.

Segundo o inquérito, os principais investigados desse esquema também teriam envolvimento com a exploração clandestina do minério em Terras Indígenas Yanomami e em garimpos espalhados por outros Estados.

As operações Emboabas, Eldorado e Lupi foram deflagradas no Amazonas, em Roraima e em Tocantins, respectivamente. Além da extração ilegal, a PF identificou que o principal alvo da operação Emboabas, o empresário Brubeyk Garcia Nascimento, dono de uma empresa especializada em exportação de minérios, análise e refinamento de metais não ferrosos, “esquentava” o ouro por meio de um austríaco naturalizado brasileiro, identificado como Werner Rydl, também investigado pela operação.

Relembre

A Terra Indígena Yanomami do Brasil ocupa 94 mil quilômetros quadrados, enquanto do lado venezuelano são mais 83 mil. Ela tem sido alvo de garimpeiros ilegais há décadas e enfrenta impactos ambientais, sanitários e sociais causados por essa atividade.

Desde janeiro, a região enfrenta uma grave crise sanitária e humanitária. O Ministério da Saúde chegou a declarar emergência em saúde pública no território. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitou Roraima e classificou a situação dos Yanomami como desumana.

Em meio à crise, o governador de Roraima, Antonio “Denarium”, defendeu ao jornal Folha de São Paulo uma assimilação cultural dos indígenas Yanomami. Ele propôs que os indígenas “não podem mais ficar no meio da mata, parecendo bicho”.

Em outro trecho da mesma entrevista, Denarium minimizou a desnutrição dos indígenas e disse que não era possível vincular o garimpo de ouro à situação dos Yanomami. Por conta das declarações, o Ministério Público Federal (MPF) abriu inquérito para apurar responsabilidade cível do governador Roraimense.

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