Palácio da Cultura - Sede da Secretaria de Cultura de Roraima (Secult). Foto: Secom RR

A disputa pelo comando da Secretaria de Cultura de Roraima (Secult) ganhou ares de eleição antecipada, para ver quem tem o padrinho político mais forte. Depois que Shérisson Bruno deixou o cargo, a irmã e o cunhado, Shéridan e Duda, precisaram se movimentar rapidamente para continuar tendo o espaço previamente barganhado com o governador Antonio Denarium (PP).

O nome do ex-superintendete de Cultura da Fetec, Enos Almeida, teria sido uma escolha pessoal de Duda Ramos (MDB). O empresário e produtor cultural, Bruno Dantas, seria uma indicação da deputada estadual Joilma Teodora (Podemos) e do ex-todo poderoso do Palácio do Governo, Disney Mesquita.

Neste páreo, há algo em comum: é que Shéridan e Joilma Teodora possivelmente disputarão a prefeitura de Rorainópolis no ano que vem. No meio do fogo cruzado que está por vir, Antonio Denarium começa a desenhar seu apoio para a campanha de 2024. O escolhido para a Cultura neste momento sinalizará a predileção do governador para as eleições em Rorainópolis. Será o momento dos amigos Olivério, Duda e Disney colocarem as cartas na mesa.

Em último caso, demonstrando a dubiedade de quem não vai querer gerar indisposições, Denarium partiria para uma terceira indicação, na tentativa de apaziguar os ânimos de seus aliados mais próximos. Se demorar muito, Mecias pega a pasta.

Correm por fora

Outros nomes correm por fora nesta disputa. O ex-vereador Renato Queiroz e o ex-deputado estadual Massamu Eda tiveram seus nomes lançados ao governador. O sociólogo Evandro Pereira também teve o nome levantado. Fontes ligadas ao governador Denarium dizem que a disputa se concentra mesmo entre Bruno Dantas e Enos Almeida, com favoritismo ao Dantas.

Ouça os representantes da Cultura, governador

Uma falta grave do governador é que os movimentos culturais não estão sendo ouvidos. Essas pessoas precisam ter voz no governo do Estado. Sequer uma reunião com o Conselho de Cultura foi marcada para ouvir os representantes do setor. O entendimento das categorias é unânime: o critério de escolha precisa ser técnico, e não vocacional. Não basta ter boa vontade, tem que saber fazer bem feito e a curto prazo, pois o desmonte naquela secretaria é gigante.

O novo secretário, diferentemente daquele que ocupava a vaga anteriormente, precisa entender de Cultura, e não aventurar-se nela. O mínimo que se espera de uma indicação é que o pretensor tenha experiência na área e trabalho a mostrar, até para que a classe cultural possa comparar e opinar.

Relato pessoal

Sobre Bruno Dantas, eu não poderia escrever uma linha sem antes dizer a você leitor que ele é meu parente de sangue. Somos primos legítimos, filhos de duas irmãs muito próximas. Isso por si só jamais viabilizaria minha predileção, até porque eu tenho parentes que eu não indicaria nem para você perguntar as horas, se fosse necessário. Mas acho honesto com você, leitor, que tenha ciência desse laço, para que não invalide meu ponto de vista. É meu terreno, onde posso relatar o que vejo com meus próprios olhos, ao longo de toda uma vida.

Bruno é alguém que entende muito de Cultura e, principamente, de seus desdobramentos econômicos, já que a cadeia ligada ao setor é infinda. Vai do profissional que cuida da instalação de um evento até o cantor em cima do palco. Nessa rota tem ainda outra cadeia indireta imensa: gente que planeja, gente que trabalha com rede social, garçom, segurança do evento, maquiadora, quem vende roupa, quem cozinha, o ambulante que fica na porta. É um mundo. Ele sabe exatamente o que precisa ser feito dentro da Secult, para que toda a cadeia seja abrangida e essa “economia cultural” se faça.

Bruno acredita que a Cultura em Roraima precisa ser valorizada, reconhecida e impulsionada. Ele sabe que Neuber, Eliakin, Pipoquinha de Normandia e Dj Estrela têm potencial e material para irem muito mais longe do que conseguem ir hoje, por falta de investimento público nas pratas da casa. Sabe o que precisa ser feito para que artistas, artesãos, escritores, músicos, poetas, técnicos, e tanta gente que vive da Cultura e pela Cultura, poderiam conseguir se bem representados. Entende que a a Secult é caminho de mudança de vida de milhares de pessoas, diretamente ligadas ao empreendorismo cultural roraimense.

Nessa mesma linha, Bruno tomou a iniciativa de assumir a presidência da ABRASEL (Associação de Bares e Restaurantes) em Roraima, e tem avançado nas discussões sobre os meios mais eficazes para que os profissionais ligados a este segmento tão importante da nossa economia sejam apoiados e fortalecidos. Ele também lidera o movimento de fundação do CTN – Centro de Tradições Nordestinas de Roraima, entidade cuja finalidade é valorizar a união dos costumes, modos e vivências do Norte e Nordeste, em uma nítida representação daquilo que é culturalmente expresso no nosso dia a dia por aqui, com a imersão entre as duas culturas.

Batida de martelo

O governador só deve anunciar sua decisão na próxima semana. Aos indicados, desejo boa sorte e bom trabalho. Que a vontade de fazer o certo supere qualquer acordo político. Independentemente de quaisquer vínculos, o meu olhar sobre o trato com a coisa pública não vai mudar. As críticas virão, independentemente de laços. Porque o mesmo respeito que meu primo tem pela profissão dele, eu tenho pela minha.

Que vença a Cultura.

Deixe seu comentário

Please enter your comment!
Please enter your name here