Foto: divulgação/Ibama

Desde que foi deflagrada a força-tarefa do Governo Federal para colocar ordem em Território Yanomami que ações primordiais tem sido realizadas. Na saúde, o avanço é notório: hospital de Campanha Federal dentro da Casai, intervenção no DSEI, apoio logístico e humanitário todos os dias. Na reserva, a situação ainda inspira cuidados para as forças de segurança e órgãos de defesa e fiscalização. A retirada dos garimpeiros ainda ocorre sob descontrole, já que o território é imenso, e, estamos falando de algo em torno de 30 mil pessoas em meio ao garimpo nessa região.

A passos ainda curtos apreensões têm sido realizadas. Aeronaves já foram tomadas, maquinários incendiados pelas equipes federais de fiscalização – exatamente tudo aquilo que as leis aprovadas e sancionadas por Soldado Sampaio (Republicanos), presidente do Poder Legislativo, e o governador Antonio Denarium (PP), respectivamente, tentavam evitar. Os dois parceiros, que até o fim do governo Bolsonaro eram pró-garimpo, agora estão tendo uma crise de consciência supreendente em prol dos povos indígenas.

Ainda que tente amenizar a situação perante os garimpeiros, oferecendo soluções, um auxílio emergencial, Denarium sabe que sua mudança de postura já foi descoberta pelos mineradores. Não é com bolsa-garimpeiro que ele conseguirá restabelecer o giro econômico de tanta gente, muito menos, dos donos das máquinas. Dentro da mata, já é dado como Lulista de carteirinha, mas, fora dela, segue tentando fazer uma média entre a Funai e os Cataratas, tornando-se inconfiável para ambos os lados.

Sampaio já fez até discurso onde repudia invasão à territórios indígenas. Agora defende uma discussão mais ampla na garimpagem artesanal, longe de áreas protegidas. Porém, quando teve a oportunidade de discutir o assunto com profundidade, na Assembleia Legislativa, não o fez. Apenas colocou na ordem do dia as pautas vergonhosas e anti-ambientais sob votação, garantindo a aprovação dos dois Projetos de Lei em plenário. Agora, somente agora, se mostra solidário ao povo Yanomami e indignado com tanto abandono.

Denarium, no mesmo ritmo, tenta se passar por indigenista, um protetor da floresta. Nem parecem aqueles dois amigões dos garimpeiros que há poucos meses estavam coligados com grandes nomes do garimpo, flertando com uma política de destruição ambiental e de genocídio contra essa gente tão discriminada, detentora das nossas raízes. O povo que protege a maior floresta do mundo, nunca soube o que é uma política pública estadual. Agora, que os olhos do mundo estão voltados para a situação deplorável a qual os indígenas estão submetidos, até em Sururucu o governador foi hoje. Para ele começar a falar “cada dia melhor” na língua nativa, falta pouco.

Os senadores de Roraima, sob cobrança de seus pares, tiveram também que fazer uma média em Brasília. Mecias de Jesus (Republicanos) disse hoje que, junto com Hiran Gonçalves (PP) e Chico Rodrigues (PSB), estava a caminho das Terras Yanomami para “ver a real situação dessas pessoas”. Que ironia do destino, o homem responsável pelas indicações políticas no DSEI-Y, responsável pela saúde dos Yanomami, agora, só agora, quer ver a REAL situação? É uma postura que falta com a ética humana, não só política. Se a real situação dessas pessoas não é boa, quem poderia ter feito alguma coisa, se esquiva de sua parcela de culpa. Gente assim não tem muito o que oferecer à vida pública. A linha de pensamento deve ser: – Se der certo, fomos nós. Se der errado, foi Damares.

Sem assumir cada um de seus malfeitos é que Denarium & Amigos vão tentando se eximir de responder à Justiça pelo genocídio resultado, e ao seu eleitorado, que sempre se mostrou pró-garimpo. Não sabem nem que lado estão. Pergunte a qualquer um deles, se eles são pelos indígenas ou pelos garimpeiros. O silêncio reinará.

Tira daqui, tapa acolá. Mentem aqui, enrolam de lá. Mordem aqui, sopram de lá. Diz que ama o índio, mas protege o garimpeiro. Diz que a floresta é vida, e recebe financiamento de campanha do madeireiro clandestino. Diz que vai ajudar garimpeiro, mas manda avisar que é para sair logo da reserva, senão a coisa vai piorar.

Esta é a elasticidade moral dos nossos representantes. De tanto que estica, uma hora não volta mais.

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