A questão da Orla Taumanan, no Centro Histórico de Boa Vista, é muito séria e precisa ser olhada com muita atenção pelas autoridades, antes que possa ocorrer uma tragédia. Só para contextualizar, a construção daquela estrutura por si só já foi um grande erro da administração da prefeita Teresa Surita (MDB), que ignorou opiniões contrárias e atropelou a História local, como ela é acostumada a agir, determinando que a obra fosse construída exatamente no local onde estava o Porto do Cimento, que foi o responsável pelo surgimento de Boa Vista.
O tremor que frequentadores e trabalhadores de um dos restaurantes no local sentiram na estrutura da Orla, na semana passada, foi apenas um aviso de que tem algo errado por lá. Aquela obra não foi feita para tremer ou balançar como uma cama elástica. A não ser que tenha ocorrido algo sobrenatural ou que a lenda contada pelos antigos tenha se tornado realidade; lenda esta que conta que uma cobra grande sai de sua toca no inverno e passeia pelo Rio Branco, arrastando tudo que encontra pela frente.
Mas, longe das lendas, um fato grave ocorreu durante a construção da estrutura da Orla, que foi inaugurada no ano de 2004. Conforme relatou um operário que trabalhou no local, no início daquela década, um dos pilares que estava sendo construído desabou, fato que foi abafado pela Prefeitura e bem escondido da imprensa da época.
Significa que pode, sim, haver erros graves na estrutura da Orla, o que indicaria um alerta o tremor seguido de um estrondo nos pilares de sustentação, que foi sentido por quem estava no local, na quinta-feira da semana passada. Torna-se essencial que isso seja bem esclarecido para que vidas não estejam em risco, uma vez que ali tornou-se um ponto turístico muito requisitado.
Não pode ser ignorado o fato de que, no inverno de 2011, a plataforma baixa da Orla Taumanan ficou submersa pelas águas do Rio Branco, indicando erro gritante nos estudos sobre as cheias durante o inverno roraimense (se é que esses estudos existem mesmo). Trata-se de um erro primário em se tratando de uma construção às margens do rio que serviria de ponto turístico de grande visitação pública.
Além disso, a obra foi construída sob grave suspeita. Por meio de uma ação civil de improbidade administrativa, O Ministério Público Federal apontou desvio de R$2,8 milhões, valor que faltou para a construção das outras duas plataformas, conforme previa o projeto original. A obra estava orçada em R$8 milhões, mas apenas duas plataformas foram construídas. A imprensa se calou na época e hoje não se ouve mais falar nada sobre o assunto.
O que restam atualmente são os pilares que começaram a ser construídos (veja foto), mas foram abandonados no leito do rio, em flagrante desperdício de recursos públicos. Esses pedaços de concretos só podem ser vistos no período do verão, quando as águas do Rio Branco baixam, as quais encobrem no inverno a vergonhosa obra que começou errada do início ao fim. E queira Deus que não desabe ao custo de vida de inocentes, por isso é necessário muita atenção ao que está acontecendo por lá.
*Colunista, idealizador do site www.roraimadefato.com.br