O governo da Venezuela rejeitou nesta sexta-feira (2) uma decisão proferida pela Corte Internacional de Justiça (CIJ) para que o país se abstenha de realizar eleições para a escolha de autoridades que supervisionariam uma região rica em ouro, diamantes e outros recursos naturais na Guiana.
Em comunicado, o governo de Nicolás Maduro reforçou seu posicionamento de não reconhecimento da CIJ, principal órgão judicial da Organização das Nações Unidas (ONU), afirmando que o direito internacional não permite a interferência do tribunal e nem a “proibição” de uma eleição.
O governo venezuelano respondeu um dia após o tribunal emitir a decisão, a pedido da Guiana, que acusa a nação vizinha de violar uma ordem anterior ao planejar um pleito para o próximo dia 25, visando eleger um governador e outros funcionários responsáveis para a região de Essequibo.
A área representa dois terços do território da Guiana e é rica em ouro, gás, diamantes, madeira, além de outros recursos naturais, e está localizada próxima a depósitos de petróleo offshore, com produção média de cerca de 650 mil barris por dia.
A Venezuela sempre considerou o Essequibo como parte de seu território, pois a região estava dentro de seus limites durante o período colonial espanhol. O país rejeita a fronteira traçada por árbitros internacionais em 1899, quando a Guiana ainda era uma colônia britânica.
Após anos de mediação infrutífera, a Guiana recorreu ao tribunal internacional em 2018, pedindo que fosse declarado que a decisão de 1899 sobre a fronteira é válida e obrigatória. A Venezuela argumenta que um acordo de 1966 para resolver a disputa anulou efetivamente a arbitragem original.
O caso segue pendente no tribunal, enquanto as tensões se agravam entre os vizinhos de Roraima.