O governador cassado, Antonio Denarium (PP), convocou os comissionados da saúde demitidos no decretão do início do ano, para falar sobre as medidas que ele deve adotar para este período de incertezas. Com a retomada dos trabalhos no judiciário, mês que vem, a insônia de Denarium deve voltar com força total. Os servidores foram divididos em dois grupos para conversa com o governador no palácio Senador Hélio Campos, no último sábado (11). Os da capital foram atendidos às 8h30, e os do interior às 10h30.
Sem saber quando a nomeação deve ocorrer novamente, e seguindo às ordens de seus superiores por medo de não serem convocados de volta, a maior parte segue trabalhando normalmente, ainda que sem nenhum vínculo comprobatório com o Estado. Foram ao palácio até para ouvir o que o governador diria sobre isso, e se depararam com mais uma daquelas reuniões de autopromoção de uma equipe que só deteriora a pasta, e não encontra as soluções necessárias para os problemas reais da saúde em Roraima.
Com cumprimentos de “Roraima está cada dia melhor”, o governador montou seu circo para fingir que tem trabalhado arduamente para evitar que o caos da saúde se enraíze na Sesau. Tarde demais.
Quando perguntados sobre o que se deveria fazer quando a conta da saúde não está fechando, o governador rebateu os servidores que responderam com um coro de “cortar gastos” e os repreendeu: “quem respondeu, ‘cortar gastos’, está errado! Temos é que trabalhar mais!”, disse ele aos exonerados que, por enquanto, estão trabalhando de graça.
Além disso, outro excesso: as chefias pretendem monitorar as redes sociais dos servidores. Os exonerados do decretão precisam informar a rede social, o telefone pessoal, e a referência de quem o indicou para compor os quadros do governo. A solicitação dessas informações tem sido repassada pelos gestores via WhatsApp aos comissionados.
Com esse tipo de pressão contra o servidor, é que a Secretaria de Saúde chega a sua pior condição de abandono por parte do próprio governador. Dessa maneira, fica ainda mais difícil de compreender quais serão as metas e prioridades delimitadas pelos comandantes do Executivo estadual para a saúde pública em Roraima. De improviso em improviso, é que o caos está generalizado.
Por enquanto, vamos convivendo com a falta de medicamentos e insumos nas unidades estaduais, com os atrasos nos pagamentos de fornecedores e de colaboradores terceirizados, e ainda ter que lidar com o governo do Estado colocando a culpa de qualquer coisa nas prefeituras e até mesmo nos pacientes, como já se tornou costume.
Se com o servidor sendo pago em dia, fazendo o seu melhor, o caos já virou regra no governo do Estado, imagine como vai ficar quando o servidor entender que o governador está jogando contra, pensando em salvar a si próprio, ao invés de encontrar as soluções para os problemas coletivos.