Décima Rosado, diretora do Escritório Social - Foto: Alfredo Maia/SupCom-ALERR

Um novo endereço, mas com a mesma missão. O Escritório Social, que em Roraima tem como principal parceira a Assembleia Legislativa (ALERR), funciona agora na rua Araújo Filho, nº 703, Centro. As novas instalações garantem mais acolhimento aos egressos que buscam oportunidades fora do sistema prisional e que, frequentemente, lidam com estigmas sociais.

O escritório oferece serviços de saúde mental, jurídico, monitoramento de atendimento e de encaminhamento, empregabilidade, acolhimento inicial, atualização de cadastro, documentação e educação. Só no primeiro semestre deste ano, foram realizados 948 atendimentos.

O escritório está dentro do escopo de programa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), sendo desenvolvido no estado pelo Poder Legislativo. A diretora da unidade, Décima Rosado, reforçou o compromisso em ofertar serviços jurídicos e de saúde aos atendidos.

A mudança de endereço, conforme frisou, representa apenas uma nova fase do programa, mas a essência permanece igual, que é resgatar a dignidade de homens e mulheres que buscam recomeçar. “Essa luta ainda não vai parar. Enquanto estiver esse estigma que é gritante, nós estamos na luta para ressocializar, para voltar a trabalhar, para voltar com sua família. Então essa é nossa missão”, explicou.

A diretora lembrou que o Escritório Social foi implantado no estado em 2019, sendo o único do país administrado por uma Assembleia Legislativa. De lá para cá, o atendimento tem sido referência, principalmente na busca por oportunidades de emprego para os egressos.

“As portas fechadas ainda são a maior barreira. O nosso maior resultado é a empregabilidade, porque eles precisam trabalhar, sustentar a família e seguir em frente. Quando eles chegam, fazemos a primeira escuta para entender as demandas, os sofrimentos, e buscamos alternativas para cada caso. Aqui ninguém é chamado de egresso, mas pelo nome. O atendimento começa pela valorização da identidade de cada pessoa”, afirmou.

Serviços oferecidos

Entre os principais serviços oferecidos estão a retirada de documentos, a elaboração de currículos e a intermediação com empresas parceiras, como o Sistema Nacional de Emprego (Sine), e redes de supermercados locais. A família dos assistidos também recebe acompanhamento nas áreas de saúde e educação.

“A primeira coisa que pedimos é que a família acredite que ele quer mudar. Ele já pagou a pena dele. Depois, pedimos aos empresários que deem oportunidade. É muito gratificante ver alguém que saiu do sistema, teve suporte do Escritório Social, e hoje está empregado, feliz e reconstruindo a vida. Isso não tem preço”, ressaltou.

A unidade também desenvolve projetos inovadores, como o Armário Social, que consiste em doar roupas a esse público que terá o primeiro contato com a sociedade após saírem da reclusão, seja para a busca de um emprego ou resolução de questões pessoais.

Recomeço

Evandro Nascimento dos Santos, de 35 anos, atendido pelo escritório desde 2023, é um exemplo de transformação. Ele é pessoa com deficiência (PCD), devido a uma lesão na clavícula, causada por um acidente de motocicleta em 2010, e foi beneficiado com serviços de documentação, assistência jurídica e intermediação para o mercado de trabalho.

“Se não fosse o Escritório Social, hoje eu não estaria aqui fora. Foi por intermédio deles que consegui uma oportunidade de trabalho. Eles abriram as portas para mim e me ajudaram a ver o mundo de forma diferente”, reconheceu.

Evandro relata que, antes do apoio recebido, enfrentava barreiras constantes ao buscar emprego devido ao estigma imposto pela sociedade.

“A discriminação conosco, que estamos nos reeducando é muito grande na sociedade. Antes, as portas não se abriam. Mas, depois que conheci o Escritório Social, pude ter documentação em dia, apoio jurídico e até o laudo de PCD. Isso fez toda a diferença, porque me deu acesso a oportunidades que antes eu não teria”, contou.

Hoje empregado, ele agradece pelas chances recebidas e afirma que vive uma nova fase. “Foi um recomeço grande. Primeiro, agradeço a Deus, e depois, ao Escritório Social. Esse suporte mudou a minha vida. Eu tive um novo começo”, disse emocionado.

Para a diretora Décima Rosado, histórias como a de Evandro comprovam que a ressocialização é possível quando há oportunidade.

“É muito gratificante ver alguém que saiu do sistema, recebeu suporte e hoje está trabalhando, feliz e reconstruindo a vida. Isso não tem preço”, finalizou.

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