Como antecipado por esta coluna em 20 de agosto, o pedido de vistas já sinalizado previamente suspendeu novamente o julgamento dos recursos do governador cassado Antonio Denarium (PP) por mais trinta dias. O tempo que o governador precisava para terminar de varrer o lixo para debaixo do tapete, para organizar sua saída com mais cautela, evitando deixar lastros ainda maiores do que as contas públicas que já não fecham.
Injustificadamente, já que o processo encontra-se parado há mais de um ano no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), esse pedido de revisão do ministro André Mendonça, o mesmo que votou pela liberação do empréstimo de R$ 800 milhões que endividou o Estado, é uma grande desfeita com a ministra relatora, Isabel Gallotti, que está há mais de um ano debruçada sobre o caso, e que já votou pela saída imediata de Denarium e Edilson Damião do governo de Roraima, pedindo a convocação de eleições suplementares imediatas.
Tendo a presidente daquela Corte, ministra Carmem Lúcia, também sinalizado que vai acompanhar a relatora em seu voto, é muito mais provável que apenas André Mendonça e Nunes Marques encontrem falhas no relatório e inocentem Denarium. Ademais, aquela Corte não iria por puro capricho desqualificar o trabalho inteiro de um Tribunal Regional, como é o caso do TRE-RR, autor de todas as cassações executadas contra o governador e o vice.
São muitas e irrefutáveis as provas contra Denarium, que vão de compra de votos ao abuso de poder político e econômico. Dentre as quais podemos destacar o envio de R$ 69 milhões para 13 dos 15 municípios do estado em ano eleitoral, sob alegação de emergência climática, tendo as mesmas cidades passados por chuvas em anos anteriores e nenhuma assistência governamental em outras ocasiões, como destacou a relatora.
Denarium sabe que não tem escapatória. A indefinição é somente sobre a manutenção de seus direitos políticos, de olho no Senado em 2026. Puro capricho. O vice, Edilson Damião, não ficará inelegível se os demais ministros acompanharem o voto de Gallotti. Denarium teria, nestas condições, os direitos suspensos até 2030, ficando de fora da disputa do ano que vem.
Em um mês, o governo deve ter seu destino totalmente modificando, ficando Soldado Sampaio (Republicanos), presidente da Assembleia, no comando do Palácio Senador Hélio Campos, em caráter transitório. Até lá, olhos abertos, por que o clima de apagar de luzes começa a fazer muito mais sentido para o grupo que sugou Roraima até a última gota.