O Ministério da Saúde tenta a redução das mortalidades materna, neonatal e infantil no Território Yanomami. No início de agosto, 35 profissionais de saúde receberam qualificação especializada em áreas como cuidados com recém-nascidos, reanimação neonatal, transporte adequado, manejo de doenças infantis prevalentes, prevenção e tratamento de hemorragias, infecções e hipertensão pós-parto, além do uso do traje antichoque não pneumático (TAN) – equipamento utilizado em áreas remotas que garante o transporte seguro de pacientes até um hospital.
Com a capacitação, o território Yanomami agora conta com 70 profissionais habilitados para atender urgências e emergências obstétricas, neonatais e infantis na atenção primária indígena. Além disso, o Ministério da Saúde distribuiu kits do traje antichoque e de reanimação neonatal.
O treinamento envolveu médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e profissionais da rede local atuantes em maternidades, na Casai (Casa de Saúde Indígena), polos-base, Unidades Básicas de Saúde Indígenas e no SAMU. As principais causas de mortalidade materna na região incluem hemorragias pós-parto, infecções puerperais/sepse e eclâmpsia. A mortalidade infantil é majoritariamente ligada a causas evitáveis em menores de um ano, como asfixia, pneumonias e doenças respiratórias, além de desnutrição, diarreia, gastroenterites e septicemias nos primeiros dias de vida.
O secretário de Atenção Primária à Saúde, Felipe Proenço, destacou a importância da iniciativa como parte de um esforço para reestruturar as políticas de saúde para os Yanomami após anos de desassistência. “Levantamos as principais causas de mortalidade das gestantes e crianças no DSEI Yanomami e, com base nisso, ouvimos as necessidades de formação dos trabalhadores da saúde. Planejamos essa capacitação para médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, abordando as causas principais de mortalidade e também fornecemos materiais essenciais para a reanimação neonatal e prevenção de hemorragias. Com formação e equipamentos adequados, estamos garantindo o cuidado a esse público e salvando vidas.”
A médica Ana Paula Pina, do DSEI Yanomami, reforçou a importância do treinamento: “Esta oficina é fundamental para fortalecer o cuidado materno e infantil da população Yanomami. É uma resposta do Ministério da Saúde a um pedido de ajuda do DSEI, que vem enfrentando desde a deflagração da crise, problemas que a oficina ajudará a contornar, por meio de profissionais mais qualificados e atualizados nas soluções.”
Esta é a segunda turma a receber a capacitação, somando-se aos 35 profissionais já qualificados no mês anterior, entre médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem das Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI).
Boletim
O Ministério da Saúde divulgou, em 5 de agosto, um novo informe do Centro de Operação de Emergências (COE) Yanomami. No primeiro trimestre deste ano, foram notificados 74 óbitos no território. Na comparação com igual período do ano passado, houve uma queda de 33%. Nos três primeiros meses de 2023 foram registradas 111 mortes. O documento ressalta que os principais agravos tiveram queda como, óbitos por malária, desnutrição e infecções respiratórias agudas graves.
O povo Yanomami tem a maior terra indígena do Brasil, com 10 milhões de hectares, mais de 380 comunidades e 30 mil indígenas. Desde janeiro de 2023, o Ministério da Saúde investe para mitigar a grave crise causada na região pelo garimpo ilegal. A pasta aumentou o efetivo de profissionais, dobrou o investimento em ações de saúde e trabalhou para garantir a assistência e combater doenças, como a malária e a desnutrição, no território.