Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O Ministério da Saúde avançou na implantação da infraestrutura de telessaúde para o território Yanomami, em Roraima. O avanço inédito permitirá que os indígenas tenham acesso a especialistas como oftalmologista, nutricionista, dermatologista, cardiologista, entre outros, sem sair de suas comunidades. A pasta instalou 98 pontos de internet na área indígena de Roraima e Amazonas. Além disso, enviou 106 computadores para o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Yanomami.

A implantação da telessaúde é uma ação da Secretaria de Informação e Saúde Digital (SEIDIGI) que envolve os departamentos de Saúde Digital e Inovação (DESD), de Informação e de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus) e a Universidade Federal de Roraima (UFRR).

Raquel Adjafre, consultora técnica do Departamento de Saúde Digital e Inovação, acompanhou o processo desde o início. Ela explica que essa é uma inovação que muda o fluxo de atendimento na região e traz mais possibilidades de tratamento.

“Com a telessaúde passamos a contar com mais possibilidades de exames e de especialistas. No contexto do território Yanomami isso é ainda mais importante quando diminuímos a necessidade de deslocamento dos indígenas. Sabemos que, por questões culturais, os Yanomami têm mais dificuldade para deixar o território por conta da alimentação e rituais, por exemplo”, destaca Raquel.

A consultora técnica ressalta que a telessaúde é capaz de aumentar a oferta de especialidades que normalmente são impactadas pela dificuldade de contratação de médicos para território de difícil acesso. “Além de todos os benefícios para o paciente, o profissional também ganha vantagens, como qualificação. Um exemplo: um enfermeiro ao consultar um dermatologista sobre uma ferida, acumula conhecimento, experiência, que beneficia a ele e aos indígenas da comunidade”, conclui.

Dados reforçados 

O investimento na infraestrutura digital, com mais computadores e ampliação dos pontos de internet, reforça a captação e consolidação de dados sobre vacinação, adoecimentos, tratamentos realizados, óbitos e outros indicadores de saúde, o que garante uma maior geração de dados e informações sobre o povo Yanomami.

O Datasus articulou, ao longo dos últimos meses, a instalação de pontos de internet e a entrega de computadores. Em junho, foi montada uma sala de digitação com 25 notebooks especialmente para inserção de dados de vacinação e de malária. A estrutura foi montada na Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em Boa Vista. O investimento em conectividade beneficiou cinco casas de apoio à saúde indígena (Casais), 52 polos base e 41 unidades básicas de saúde indígena (UBSI).

Outro avanço é o uso do InfoSUS IV, que visa fornecer conectividade para hospitais e instituições ligadas ao Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente unidades de assistência básica à saúde e população indígena e outros estabelecimentos de saúde.

Guilherme Bobadilha, assessor técnico do Datasus, explica que a conectividade trará benefícios para todo o DSEI Yanomami. “Os computadores também serão usados para termos melhores informações. Com a carência de máquinas, os dados de vacinação, por exemplo, ficam represados e não entram nos nossos sistemas. Agora, os digitadores terão mais condições de registrar e melhorar a inserção de dados”, frisa.

Ele emenda: “Com a conectividade, a comunicação com os polos também melhorou. A infraestrutura de rede ampliou as comunicações por aplicativos de mensagens, de notificações de remoção, entre outras situações”, conclui.

Boletim

O Ministério da Saúde divulgou, em 5 de agosto, um novo informe do Comitê de Operações Emergenciais (COE) Yanomami. No primeiro trimestre deste ano, foram notificados 74 óbitos no território. Na comparação com igual período do ano passado, houve uma queda de 33%. Nos três primeiros meses de 2023 foram registradas 111 mortes. O documento ressalta que os principais agravos tiveram queda como, óbitos por malária, desnutrição e infecções respiratórias agudas graves.

O povo Yanomami tem a maior terra indígena do Brasil, com 10 milhões de hectares, mais de 380 comunidades e 30 mil indígenas. Desde janeiro de 2023, o Ministério da Saúde investe para mitigar a grave crise causada na região pelo garimpo ilegal. A pasta aumentou o efetivo de profissionais, dobrou o investimento em ações de saúde e trabalhou para garantir a assistência e combater doenças, como a malária e a desnutrição, no território.

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