Foto: Felipe Werneck/Ibama

Segundo levantamento do Greenpeace Brasil, via satélite, o garimpo dentro das Terras Indígenas da Amazônia somou 417 hectares de novas áreas de desmatamento no primeiro semestre de 2024, com a atividade explorando áreas nas Terras Indígenas Kayapó, Munduruku e Yanomami. O território mais devastado no semestre analisado foi a TI Kayapó, com 54,4% dos alertas; seguido da TI Yanomami, com 40,63%. A Terra Indígena Munduruku registrou 4,87% do total acumulado no semestre. Os resultados são oriundos do sistema de alertas de monitoramento Papa Alpha, utilizado pelo Greenpeace Brasil.

Na Terra Indígena Yanomami, foram registrados 169,6 hectares destruídos no primeiro semestre de 2024. Em comparação com o mesmo período de 2023, a queda nos novos alertas foi de apenas 5,92%. Também foi identificado no território Yanomami a migração da atividade garimpeira para a região sul da terra indígena, na porção mais próxima do Amazonas, alcançando a região adjacente ao Parque Nacional do Pico da Neblina, no município de Santa Isabel do Rio Negro. Foram mais de 90 hectares de garimpo registrados na bacia do rio Cauburi – parte é área nova -, a 5 km da aldeia Ariabu, e se estendendo por 12 km ao longo do igarapé de mesmo nome da comunidade; e outra parte é de um garimpo antigo, que foi reativado recentemente.

Imagens mostram avanço das áreas de garimpo identificadas na Terra Indígena Kayapó entre janeiro e julho — Foto: Greenpeace Brasil

Até dezembro de 2023, a área devastada pelo garimpo nos territórios Kayapó, Munduruku e Yanomami totalizava mais de 26 mil hectares – isso é mais de 90% das ocorrências de garimpo dentro de territórios indígenas no Brasil. A Constituição Federal considera a atividade garimpeira ilegal quando praticada nos territórios dos povos originários. “Um dos grandes apelos dos povos originários é a desintrusão de seus territórios, que é a expulsão total dos garimpeiros de suas terras. Isso já foi feito na Terra Yanomami em 2023, mas os Kayapó e os Munduruku seguem aguardando quando isso vai acontecer. O garimpo destrói ecossistemas, desestabiliza populações tradicionais e ameaça nossa capacidade de combater a crise climática. Por isso, a expulsão dos garimpeiros ilegais e a defesa dos territórios indígenas precisam ser pautas defendidas por todos nós”, disse o porta-voz da Frente de Povos Indígenas do Greenpeace, Jorge Eduardo Dantas.

Apesar de forças-tarefas do Governo Federal nos últimos meses, os dados nas três terras indígenas analisadas mostram que há muito a ser feito no combate ao garimpo ilegal. De maneira geral, os alertas dentro dos territórios originários monitorados pelo Greenpeace diminuíram significativamente em comparação com os últimos anos. No entanto, pequenas áreas estão sendo abertas próximas a garimpos já estabelecidos, como uma tentativa de dificultar a detecção por imagens de satélite.

 

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