Flagrado com dinheiro na cueca em uma operação da Polícia Federal em outubro de 2020, o senador Chico Rodrigues (PSB-RR) é alvo de um processo que se arrasta no Conselho de Ética no Senado e de um inquérito da Polícia Federal que está parado aguardando autorização para dilação de prazo para conclusão. Nesta terça-feira, um novo relator foi escolhido para o processo de Rodrigues no Conselho de Ética: Davi Alcolumbre (União-AP).
Em paralelo, o senador já foi indiciado pela Polícia Federal, em 2021, por peculato, advocacia administrativa, embaraço às investigações e lavagem de dinheiro, por suposta participação em um esquema de desvio de dinheiro que deveria ser usado para o combate à pandemia, mas ainda não houve desfecho no caso.
A investigação foi iniciada em 2020, ano em que a PF deflagrou uma operação contra Rodrigues. Na ocasião, o senador foi pego com R$ 33.150 na cueca. O parlamentar sempre negou irregularidades, afirmou que dinheiro seria usado para pagar funcionários e justificou que escondeu o montante após entrar em pânico. O GLOBO procurou a assessoria do senador, mas não obteve resposta.
Depois que o inquérito foi remetido ao Supremo, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a continuidade das apurações para esclarecimento de pontos da investigação e para algumas oitivas. De lá para cá, a PF fez alguns pedidos de dilação de prazo para a continuidade dos trabalhos investigativos e foi atendida. Na última solicitação, no entanto, a PF ficou sem resposta.
Em agosto do ano passado, a delegada responsável pediu mais tempo, a PGR se manifestou pela concessão de mais 60 dias, mas o Supremo não decidiu. Na época, o presidente Luís Roberto Barroso se manifestou apenas sobre o encaminhamento dos autos para a substituição da relatoria com a aposentadoria de Rosa Weber. Em fevereiro deste ano, o ministro Flávio Dino assumiu a relatoria do caso, mas também não concedeu nenhuma decisão.
Na terça-feira (9), depois que a reportagem procurou o STF, foi publicado no sistema um despacho pedindo para que a PGR se manifeste sobre o último pedido feito pela defesa do senador, em 10 de junho. Na ocasião, o advogado reiterou outra solicitação que havia sido feita em setembro, afirmando que o senador “está submetido a manifesto constrangimento ilegal, em virtude de excesso de prazo para conclusão do presente inquérito, eis que sua tramitação já perdura por quase 4 anos, extrapolando o limite do razoável”.
Já no Senado, o caso que está no Conselho de Ética foi inicialmente designado para o senador Renan Calheiros (MDB-AL), em junho do ano passado. Ao GLOBO, o senador afirmou que declinou logo em seguida a relatoria. Entretanto, um novo relator só foi sorteado nesta terça-feira, um ano depois da última reunião do conselho. Presidente do órgão colegiado, o senador Jayme Campos (União-MT) afirmou que está seguindo todos os trâmites necessários no conselho.