Os dados do sistema Deter, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados nessa sexta-feira (10), mostram queda de 35,2% na área sob alerta de desmatamento na Amazônia em maio de 2022 na comparação com o mesmo mês de 2021. Entretanto, o Greenpeace Brasil faz um alerta de que essa redução é pontual, e, além disso, nada menos do que 900 km² da Amazônia estiveram sob alerta de desmatamento em maio 2022, “corroborando para que, no acumulado de janeiro a maio deste ano, ocorresse um aumento de quase 13% em relação ao mesmo período em 2022”.
De acordo com o órgão, os dados do Inpe evidenciam que a destruição segue avançando na Amazônia, especialmente sobre as florestas públicas não destinadas, sobretudo no estado do Amazonas. Vale lembrar que, em abril, o desmatamento na Amazônia bateu recorde.
“Apesar da desaceleração para o mês de maio, a Amazônia não tem motivos para celebrar, afinal a curva do desmatamento segue apontada pra cima, sem perspectiva de redução, haja vista que quem deveria controlá-la segue ignorando a realidade e produzindo um faz de conta que coloca em risco o presente e o futuro dos mais de 30 milhões de brasileiros que vivem na Amazônia, bem como dos demais brasileiros que indiretamente se beneficiam dos serviços ambientais prestados pela maior floresta tropical do mundo”, disse André Freitas, coordenador da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil em comunicado da entidade. ” Zerar o desmatamento deve ser o horizonte da política ambiental brasileira, não podemos mais conviver com essa economia que consome florestas e viola os direitos humanos na Amazônia”, acrescentou.
A entidade ressaltou ainda que a destruição da Amazônia “é resultado de um projeto político que, ao longo dos últimos três anos, vem promovendo e legitimando os recordes no desmatamento na Amazônia, a proliferação de garimpos ilegais, a invasão de terras públicas, Unidades de Conservação (UC) e de Terras Indígenas (TI). Soma-se a isso o alastramento da violência e do crime organizado”.
Na avaliação do Greenpeace, o recente desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips “é um dos tantos exemplos que escancaram o descaso, a omissão e a ausência do Estado brasileiro na Amazônia, que atinge também àqueles que defendem a floresta”.