Em agosto, Prefeitura despejou famílias que viviam às margens do Rio Branco - Foto: Ascom CMDH

Quase 300 famílias roraimenses foram retiradas de suas casas durante a pandemia no novo coronavírus. É o que mostram dados sobre despejos e remoções no território nacional realizada pelo Instituto Pólis e as mais de 40 instituições que integram a campanha Despejo Zero.

O levantamento foi feito a partir de informações recolhidas pelas próprias instituições, entre 1º de março e 31 de agosto, por meio de denúncias, formulários online e banco de dados do Observatório das Remoções e defensorias públicas. Segundo o levantamento, em Roraima, pelo menos 275 famílias foram despejadas no período.

A retirada dessas famílias ocorre apesar das orientações da Comissão de Direitos Humanos da ONU, que pedia aos governos brasileiros que cessassem com os despejos e remoções enquanto a pandemia do coronavírus perdurar.

Em uma dessas ações, em agosto, a Prefeitura de Boa Vista derrubou mais de 18 casas da ocupação espontânea ‘Beira do Rio’, no bairro Treze de Setembro, nas proximidades do rio Branco. Cerca de 40 brasileiros e estrangeiros viviam na área, metade deles crianças. A ação motivou uma resposta da Defensoria Pública Estadual (DPE), que planeja entrar na Justiça contra o Executivo municipal.

Ainda de acordo com o estudo, mais de 6.373 famílias foram despejadas no Brasil. Cerca de 47% dos casos ocorreram no Amazonas, com 3.000 despejos contabilizados. São Paulo também teve grande número de famílias afetadas, contabilizando 1.681 despejos, 26% do total de casos. Além desses estados, também foram constatadas remoções em Minas Gerais, Pernambuco, Sergipe, Roraima, Paraná, Santa Catarina, Maranhão, Rio Grande do Norte, Goiás, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

A Campanha Despejo Zero é uma ação de mais de 40 organizações sociais e movimentos populares que atuam em prol do direito à moradia. A iniciativa é uma reação à continuidade de retirada de famílias de seus lares durante a pandemia do coronavírus e pede a suspensão dos processos de despejos e remoções, independentemente de terem origem na iniciativa privada ou no poder público, impedindo até mesmo processos respaldados por decisão judicial ou administrativa.

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