Várias praças públicas que estão passando por obras já apresentam problemas logo após a inauguração ou mesmo antes de serem entregues à população. Outro fato é que os contratos das praças apontam que elas deveriam ter grama, piso emborrachado, playground e academia ao livre, mas as que estão localizadas nos bairros mais afastados do Centro estão na terra batida, com piso somente no chão grosso e várias sem aparelhos da academia.
Mas não é fácil tentar buscar essas informações nos processos de reforma e manutenção de praças na administração da prefeita Teresa Surita (MDB). Trata-se de uma missão impossível para qualquer cidadão, leigo ou não. Nem mesmo quem está habituado com buscas e pesquisas no Diário Oficial do Município consegue o mínimo de transparência a fim de verificar valores, fonte de recursos, datas de aditivos e prazos de conclusão. As placas fixadas nessas obras trazem informações genéricas que nada dizem para que sejam verificadas as execuções dos serviços.
A consequência disso é que nem mesmo os órgãos fiscalizadores conseguem saber o que está acontecendo com as obras municipais. Desde 2013, o Município anunciou um pacote de obras com contrato que englobava oito praças e, logo em seguida, mais outro conjunto incluindo 13 praças. Mas ninguém consegue dados sobre valores individuais, quais foram entregues, quais eram reforma ou manutenção nem detalhes sobre especificações dos materiais usados em cada uma.
Mesmo não havendo dados exatos para fiscalizar, existem graves distorções que deveriam ser analisadas pelos órgãos fiscalizadores. Um exemplo foi a contratação de uma empresa para dar continuidade na construção das praças nos bairros de Boa Vista no valor de R$1,5 milhão, ainda em 2016. A praça do Centenário, por exemplo, na Zona Oeste, deveria ter quadra, playground e academia aberta, mas lá só tem uma quadra construída até hoje. Não existe nada mais além do que diz o contrato.
A última praça desse pacote de oito obras foi entregue pela Prefeitura no mês passado, no Conjunto Cidadão, no bairro Laura Moreira, na Zona Oeste. Consta no contrato que lá deveria haver grama, mas no dia da inauguração não existia qualquer resquício de grama. Esse contrato é de 2015, no valor de R$5,1 milhões, sendo R$4,8 milhões provenientes de recursos do Ministério do Turismo, englobando as praças Germano Sampaio, Caimbé, Mecejana, Estados, Pricumã, Cambará e Monte Roraima, além do Conjunto Cidadão.
As obras demoraram tanto que, mesmo boa parte delas não ter sido concluída, várias apresentam depredações ou mesmo deterioração do material aparentando de baixa qualidade. A praça do bairro Pricumã, por exemplo, na Via das Flores, até hoje está sem qualquer obra, completamente abandonada desde o surgimento do conjunto habitacional, há décadas. No bairro Caimbé, o material de baixa qualidade usado na reforma fez com que bancos já apresentassem rachaduras e a tabela de basquete ter cedido em sua estrutura, colocando em risco os frequentadores do local. Lá também não foi instalada academia aberta.
A praça do bairro dos Estados, Zona Norte da Capital, sequer foi inaugurada e os equipamentos também já estão quebrados. No bairro Cambará, a praça sequer foi concluída nem inaugurada, mas apresenta calçamento quebrado e o playground não tem piso emborracho, como determina o contrato.
A situação do conjunto de obras do pacote de 13 praças enfrenta situação semelhante. Como não há detalhes sobre contratos e serviços, logo após as obras serem concluídas surgiram contratos para construção e adequação de playgrounds e academia ao ar livre. O mais recente contrato foi publicado no Diário Oficial do Município de número 4684, do dia 18 de julho de 2018. Lá consta um contrato no valor de R$2,8 milhões, com recursos do Município, mas não especifica quais praças contempladas com essas obras nem detalhas que obras são essas.
Um exemplo dessa falta de informação é que a praça da Orla Taumanan, no Centro de Boa Vista, passou por ampla reforma, mas recentemente ganhou nova obra supostamente de adequação. Só que naquele local o playground deveria ser emborrachado, mas está apenas na argamassa. Esta situação se repete em vários outros bairros, onde há praças com obras paralisadas, outras onde sequer os trabalhos foram iniciados e ainda várias que foram inauguradas, mas já passam por adequações. Nas quadras inauguradas, a tinta do piso apresentam desgaste e, em alguns bairros, até mesmo o piso está rachado.