Pacaraima, ao norte de Roraima, é fronteira direta com a Venezuela e está na rota terrestre em direção à Guiana. Na cidade de cerca de 19 mil habitantes, moradores relatam um clima de tensão diante do risco de um conflito militar entre os dois países vizinhos.
“Presença de militares assusta. Apesar de tudo estar funcionando normalmente, já assusta um grande número de militares nas ruas. Sabemos que Pacaraima seria rota para as tropas venezuelanas, o que gera, de certa forma, um clima de preocupação na população”, disse
Harlinis Yorjeth, jornalista do município ao portal UOL.
“O que nos assusta é a abundância de militares brasileiros por aqui. Até então todo mundo tranquilo, todo mundo normal, até a imigração continua igual”, disse Cristobal Pereira, comerciante venezuelano que vive em Pacaraima.
“Há uma mistura de tensão e inquietação, que dá para perceber nas interações diárias e nas conversas locais”, conta Ericsson Silva, fotógrafo em Pacaraima.
“Conversei com algumas pessoas que já estão preparando mochilas com itens de necessidade básica, caso seja necessário sair da cidade”, conta Harlinis Yorjeth.
Clima de apreensão
A população de Pacaraima se vê apreensiva com o aumento da circulação de comboios do exército pela região. Cristobal Pereira é venezuelano e trabalha em uma pousada ao lado da BR-174 em Pacaraima. Ele é favorável à reintegração de Essequibo pela Venezuela.
Moradores já reservaram mochila com itens básicos para uma possível situação emergencial, conta Harlinis. A jornalista considera precoce a avaliação de que haverá um conflito, mas participa de grupos de WhatsApp em que se conversa sobre a situação e há troca de fotos e vídeos da presença militar na região. Ela diz que tem duas filhas pequenas e seu pai é idoso, por isso teme que algo aconteça e suas rotinas sejam alteradas.
“Algumas pessoas já estão se preparando para enfrentar possíveis impactos decorrentes dessa situação. Existe tensão. No local onde eu trabalho já há essa discussão. O pessoal tem em mente que isso pode acontecer, então se gera um alerta”, conta Yorjeth.