Foto: AFP

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, se reuniu neste domingo (5) com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, em uma visita surpresa à Cisjordânia, em plena ofensiva de Israel contra o Hamas em Gaza.

O secretário de Estado americano chegou a Ramallah depois de viajar a Israel e Jordânia, onde pediu pausas humanitárias para distribuir ajuda aos civis da Faixa de Gaza. O território está sob bombardeios israelenses incessantes desde o ataque do movimento islamita palestino em 7 de outubro, no qual morreram 1.400 pessoas, principalmente civis. Entre os mortos estão mais de 300 militares.

Blinken disse a Abbas que os palestinos em Gaza “não deveriam ser deslocados à força”, segundo um porta-voz do Departamento de Estado. Em quatro semanas, os bombardeios israelenses mataram quase 9.800 pessoas, incluindo 4.800 crianças e 2.550 mulheres, segundo o Hamas. Também deixaram uma imensa destruição em Gaza que forçou 1,5 milhões de pessoas a abandonarem as suas casas, segundo a ONU.

“Não tenho palavras para descrever o genocídio e a destruição sofrida pelo nosso povo palestino em Gaza nas mãos da máquina de guerra de Israel, sem considerar os princípios do direito internacional”, denunciou Abbas.

Desde o início da guerra, Blinken fez várias viagens a Israel, mas esta é a sua primeira viagem à Cisjordânia. Neste território palestino, ocupado por Israel desde 1967 e onde fica a sede da Autoridade Palestina, a guerra contra o Hamas também agravou a situação: mais de 150 palestinos foram mortos a tiros por soldados ou colonos israelenses desde que a guerra começou, segundo as autoridades locais.

Em sua reunião com Abbas, Blinken apelou ao fim da “violência de extremistas” contra os palestinos na Cisjordânia.

Bandeira israelense

Os Estados Unidos, embora não se oponham à resposta de Israel contra o Hamas, propõem o estabelecimento de “pausas humanitárias” para distribuir ajuda aos civis. Mas o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, rejeita qualquer “trégua temporária” sem a libertação dos reféns sequestrados pelo grupo islamita, cerca de 240, segundo as autoridades israelenses.

O Exército israelense continua sua ofensiva contra os militantes e os combates intensificam-se no norte da Faixa, governada pelo Hamas desde 2007. Desde que a ofensiva terrestre começou, em 27 de outubro, “mais de 2.500 alvos terroristas foram atacados” por “forças terrestres, aéreas e marítimas”, informou o Exército israelense neste domingo.

Os soldados “continuam a eliminando terroristas no combate corpo a corpo” e “um complexo do Hamas onde havia um centro de comando e postos de observação” foi bombardeado à noite, acrescentou.

No norte do território, uma bandeira israelense foi vista hasteada sobre um prédio destruído, segundo imagens da AFP registradas na cidade israelense de Sderot. O Exército israelense lançou novamente panfletos instando a população da Cidade de Gaza a fugir para o sul do território.

Segundo um funcionário americano, entre 350 mil e 400 mil pessoas ainda vivem no norte do território, onde se concentra a maior parte dos combates. O Hamas suspendeu no sábado a evacuação de pessoas com passaportes estrangeiros através de Rafah.

É através desta passagem que a ajuda humanitária chega ao território, cercado por Israel, que cortou o fornecimento de água, alimentos, eletricidade e combustível. Desde 21 de outubro, um total de 450 caminhões atravessaram, disse a ONU no sábado, apelando à aceleração do processo. O papa Francisco reforçou neste domingo os seus apelos ao cessar-fogo, à libertação dos reféns e ao fornecimento de ajuda a Gaza, onde a situação é “muito grave”.

As tensões também aumentaram no norte de Israel, na fronteira com o Líbano, onde ocorrem diariamente trocas de tiros entre o Exército israelense e o Hezbollah, poderoso movimento pró-Irã, aliado do Hamas. O chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, disse esta semana que a possibilidade de uma “guerra total” era “realista”.

A Turquia, para onde Blinken viajará neste domingo, indicou no sábado que retirou o seu embaixador em Israel. “Netanyahu não é mais alguém com quem possamos conversar. Nós o riscamos”, declarou o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

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