O governador Antonio Denarium (Progressistas) exonerou Harrison Nei Correa Mota, o Ney Mentira, do cargo de motorista da Secretaria Estadual dos Povos Indígenas (Sepi). O sobrinho do ex-senador Telmário Mota está foragido desde segunda-feira (30) após ser apontado como o responsável pela logística e o planejamento do assassinato de Antônia Araújo de Sousa, de 52 anos.
Em nota, o Governo de Roraima esclareceu que em virtude das investigações indicarem o nome de Harrison Nei “em uma situação que implica conduta contrária ao padrão de comportamento que o Estado exige dos seus servidores, foi efetuada a exoneração”.
“O Governo de Roraima ressalta que o servidor público é representante da administração pública diante da sociedade e deve preservar a imagem, o decoro e a credibilidade inclusive além do estrito exercício das funções do cargo”, disse a gestão, que não respondeu sobre saber previamente a respeito do histórico do suspeito.
Antônia é mãe da filha de 18 anos do político, a mesma que o acusou de estupro às vésperas das eleições de 2022. Preso em Goiás, Telmário Mota é suspeito de encomendar a morte da mulher, ocorrida em 29 de setembro – três dias de ela ser ouvida como testemunha do processo que apura a conduta de Mota com a garota, que tinha 17 anos na época da denúncia.
Também está preso por suspeita de envolvimento com o crime Leandro Luz da Conceição, que teria efetuado o disparo que matou Antônia. A assessora de Telmário Mota, Cleidiane Gomes da Costa, está com uma tornozeleira eletrônica como parte das medidas cautelares aplicadas.
Histórico de Ney Mentira
Na Justiça de Roraima, Ney Mentira responde a dezenas de processos em quase 20 anos. Em um deles, ele foi condenado inicialmente a dois anos de reclusão e multa, em regime aberto, pela prática de estelionato. O processo, ainda em andamento, cita que ele, em junho de 2008, em Boa Vista, se apropriou indevidamente de um veículo alugado.
Em outro processo, o sobrinho de Telmário Mota foi condenado a prestar serviços comunitários e a pagar multa de R$ 42.280,00, mesmo valor do prejuízo causado a um proprietário de animais. Segundo a Justiça, em outubro de 2011, na capital de Roraima, Ney Mentira, acompanhado de outros dois homens, obteve vantagem indevida da vítima ao adquirir animais por esse montante, mediante meio ardiloso e fraudulento. O trio chegou a vender alguns dos animais por R$ 6 mil.
Harrison Nei também foi condenado por roubo, em 2020, e a pena de sete anos e seis meses de reclusão, mais multa, foi para cumprir em regime inicialmente fechado, devido à sua extensa ficha criminal. Ney Mentira foi acusado de participar, junto com outros quatro homens identificados, de um roubo de seis gados (dois abatidos e quatro vivos) pertencentes a duas vítimas – uma delas grávida de oito meses. O caso aconteceu em Alto Alegre.
O processo narra que o grupo as fez de vítimas, assim como cinco menores de idade, por aproximadamente três horas, inclusive sob a mira de rifles, os quais foram usados para matar dois animais roubados. Houve até luta corporal com uma das vítimas, e que a mulher grávida desmaiou após ser atingida por chutes.
Essa mesma quadrilha, segundo a Justiça, se associou entre setembro de 2018 a abril de 2019, para cometer crimes, incluindo roubo e estupro na cidade do Norte de Roraima. “A referida associação criminosa foi instituída e desenvolvida com a utilização de armas de fogo, utilizadas para amedrontarem e subjugarem as vítimas”, dizem os autos.