Foto: EBC/Agência Brasil.

O Conselho Indígena de Roraima (CIR) declarou que exige que os casos de violência ocorridos no território Indígena Yanomami (TIY) sejam alvos de investigação. O pedido foi feito durante a 1ª  Reunião Ampliada Deliberativa “Sem território, não existe vida!”, realizada entre os dias 4 e 6 de julho, na Terra Indígena Manoá-Pium, localizada no município de Bonfim a 110 quilômetros da capital Boa Vista.

Os representantes do conselho exigiram em caráter de urgência que as autoridades realizem uma investigação minuciosa para apurar os casos de violência e morte ocorridos na região Yanomami, com atenção especial às situações envolvendo crianças e mulheres. O CIR ressaltou que os responsáveis devem ser identificados e devidamente punidos pelos atos criminosos.

No evento estavam presentes membros, conselheiros, coordenadores, departamentos, líderes e convidados, incluindo a presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, e o presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY), o líder Davi Kopenawa.

Durante o encontro, os participantes expressaram solidariedade às vítimas e seus familiares em relação ao recente ataque contra o povo Yanomami, ocorrido em 3 de julho, na Comunidade do Parima, que resultou em feridos e na morte de mais uma criança, cujo corpo foi encontrado no domingo, 9.

O CIR enfatizou que a luta do povo Yanomami é uma luta que envolve toda a sociedade. “Criada para defender os direitos dos povos indígenas e direitos humanos, o CIR vem dando apoio às ações de enfrentamento à crise humanitária, levando alimento, medicamentos e outros materiais, mas também na denúncia do garimpo ilegal e suas consequências ao povo Yanomami” declarou a organização.

Sobre o evento

A reunião ocorrida na Comunidade do Pium teve como principal propósito a discussão e votação de propostas visando o benefício das comunidades indígenas no Estado de Roraima. Ao longo de três dias, foram realizados debates, apresentações de dança e canto e atividades desenvolvidas pelo CIR.

O líder indígena, Davi Kopenawa Yanomami, pediu que a sociedade possa dar mais importância à luta e dedicação do povo Yanomami, que tem sido diretamente afetado pela atividade do garimpo ilegal em suas comunidades indígenas. “Há muito tempo meu povo vive ameaçado, a ganância do branco está destruindo tudo, meu povo está morrendo e estamos pedindo socorro”, declarou Davi.

A presidente da Funai, Joenia Wapichana, durante sua participação, ressaltou que o órgão, com o apoio do governo federal, deve manter as ações de combate ao garimpo ilegal contínua na TI Yanomami. “A Funai vai montar um posto de monitoramento ao território, após a retirada dos garimpeiros invasores”, informou Joenia.

A representante, que é natural de Roraima, explicou que a Funai vive um momento histórico, no entanto, enfrenta as limitações geradas pelo sucateamento.”Hoje, estamos no governo que deu a oportunidade aos indígenas, e que estão ocupando esses espaços. Pela história do Brasil, nunca houve um presidente da Funai indígena. Porém, nessa reestruturação, estou há cinco meses à frente da instituição e vi que a Funai foi muito sucateada pelo governo de Bolsonaro. A Funai tem um orçamento que não atende à necessidade dos povos indígenas do Brasil”, disse Joenia.

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