Foto: Alexsandro Paiva/REVISTA CENARIUM

Durante a 52ª Assembleia dos Povos Indígenas de Roraima, realizada nesta segunda-feira, 13, lideranças indígenas levantaram a voz contra a atual gestão do governador do Estado, Antonio Denarium, que não participou da assembleia por solicitação das lideranças. O evento, que reuniu lideranças locais e ministros do governo federal, contou também com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e da primeira-dama, Janja da Silva. Essa foi a segunda vez que Lula retornou ao Estado, somente neste ano.

Em alguns momentos, os indígenas presentes no evento ecoaram coros de “governador inimigo”. “Não adianta o governador aparecer, agora, porque nunca se preocupou com os indígenas”, afirmou o coordenador-geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Edinho Batista. Segundo ele, Denarium não era bem-vindo ao evento, porque era um inimigo e não aliado dos povos indígenas.

O presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY), Davi Kopenawa, celebrou a ida do presidente Lula e fez um apelo urgente em relação à presença de garimpeiros na Terra Yanomami (TY). No evento, reforçou o discurso de Lula de que é necessário retirar todos os garimpeiros das terras indígenas. “Garimpeiros estão escondidos na Venezuela. […] Tem que tirar todos os garimpeiros”, afirmou Kopenawa.

“No dia 9 de março, 20 barcos desceram o Rio Parimiu, pararam e quebraram a barreira da comunidade. Precisamos colocar cabos de aços mais fortes para evitar. […] “Garimpeiros são pragas“, afirma.

O governador de Roraima, Antonio Denarium (Progressistas), é alvo de investigação por falas discriminatórias contra o povo Yanomami, durante uma entrevista à Folha de S.Paulo, em 29 de janeiro. Denarium menosprezou a cultura e o modo de vida do povo indígena Yanomami quando disse que “eles [indígenas] têm que se aculturar, não podem mais ficar no meio da mata, parecendo bicho“. A fala foi avaliada como conduta ilícita passível de responsabilização civil e criminal, conforme o Ministério Público Federal (MPF).

Segundo o procurador da República Alisson Marugal, as falas de Denarium encaixam no crime do art. 20 da Lei N° 7.716/1989. “Verificam-se indícios de manifestação discriminatória baseada na etnia, apta a tipificar, em tese, o crime do artigo 20 da Lei N° 7.716/1989”.

Outra polêmica é sobre a irmã e o sobrinho do governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), que foram alvos de uma operação da Polícia Federal (PF), deflagrada no dia 10 de fevereiro. A operação, que recebeu o nome de BAL, tem como objetivo desarticular uma organização criminosa que coordenaria um esquema de lavagem de dinheiro, fruto do comércio de ouro ilícito.

 

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