O prefeito de Boa Vista, Arthur Henrique (MDB), acompanhou a comitiva do presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva (PT), durante a 52ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima, ocorrida nesta segunda-feira, 13, no Lago Caracaranã, em Normandia. Na ocasião, o prefeito reforçou a necessidade de se ampliar os investimentos na saúde da capital, que concentra quase 70% da população de todo estado.
De acordo com o prefeito, Boa Vista enfrenta uma demanda crescente nos atendimentos nas unidades básicas de saúde e, mais recentemente, uma alta taxa de internação no Hospital da Criança. Por isso, tem buscado o diálogo com o Governo Federal para amenizar a situação e garantir um atendimento de qualidade para todos.
“Desde o início deste ano, a prefeitura vem articulando junto ao Governo Federal apoios e parcerias a fim de minimizar os impactos causados na saúde pública do município, com o enfrentamento à crise migratória venezuelana e a recente crise humanitária da população Yanomami. Estamos convictos de que o presidente está sensível a essas questões e buscar solucioná-las”, disse o prefeito.
Na última semana, Arthur e a secretária de Saúde, Regiane Matos, receberam a ministra da Saúde, Nísia Trindade, que visitou algumas unidades de saúde da capital. Durante a visita da ministra, o prefeito e a secretária mostraram as demandas da saúde municipal.
A ministra se mostrou sensível aos problemas enfrentados pelo município e se comprometeu em ajudar para melhorar o atendimento da saúde básica da capital para toda a população. O prefeito vai retornar à Brasília ainda nesta semana, para dar continuidade ao diálogo com o Governo Federal.
Possibilidade de colapso na Saúde
Desde 2017, quando se iniciou a crise migratória em Roraima, o sistema de saúde de Boa Vista vem sendo impactado com a alta procura por atendimentos. Naquele ano, eram cerca de 98 atendimentos a imigrantes, enquanto em 2022 o número de atendimentos ultrapassou os 130 mil.
Para se ter uma dimensão da sobrecarga nas unidades do município, só nos primeiros dois meses deste ano, as unidades básicas de saúde (UBSs) fizeram 119 mil atendimentos, entre consultas e procedimentos ambulatoriais aos imigrantes. E a previsão é que os números aumentem nas próximas semanas.
O atendimento no Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA), única unidade de saúde especializada em atendimento infantil de todo o Estado, por conta da crise humanitária, também foi impactado com o número de internações. Além de garantir atendimento de qualidade a demanda da capital, a unidade de saúde vem recebendo crianças Yanomami e de outras diversas etnias. No momento, a unidade hospitalar já está com todos os leitos ocupados.
Números – Na última quarta-feira, 8, o Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA) registrou 77 crianças indígenas internadas, sendo que 65 delas são Yanomami. É a maior alta de internação de crianças dessa etnia, desde o início da vigência do decreto de emergência do Governo Federal. Já o número de pacientes imigrantes venezuelanos internados na unidade hospitalar é de 40 crianças.
“Estou muito preocupada com o número crescente de atendimentos no nosso hospital infantil. Nós estamos nos esforçando para continuar com o atendimento de excelência aos pacientes, mas o hospital já está lotado, não temos mais leitos e se essa demanda continuar crescendo ficará complicado para o município manter o atendimento sozinho”, disse a secretária Regiane Matos.