Sônia Guajajara e Joenia Wapichana; Foto: reprodução/ facebook - Erika Kokay

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, anunciou que o Distrito de Saúde Especial Indígena Yanomami (DSEI), em Roraima, terá intervenção federal. Há duas unidades no estado e um deles, o DSEI Leste, teve seu gestor, Marcio Sidney Sousa Cavalcante, exonerado na lista de nomes de militares do dia 24 de janeiro.

Além disso, a unidade regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em Roraima terá uma nova nomeação para a sua coordenação regional. O gestor pediu exoneração no domingo (5). Na visão da ministra, essas são medidas a curto prazo para garantir a execução do restante das ações, consideradas urgentes para dar prosseguimento nas respostas da crise.

As decisões foram tomadas após a verificação da situação do povo indígena Yanomami que teve a confirmação de três mortes de indígenas por garimpeiros e um ferido, além do óbito de uma criança, que não conseguiu suportar a espera pelo socorro médico.

Ainda não se sabe o motivo dos assassinatos. Porém, duas das mortes ocorreram na comunidade Parima, na qual ainda não foi possível fazer o resgate dos corpos, que está em posse dos garimpeiros, pelo grau de dificuldade de acesso – as equipes precisam de ajuda dos próprios indígenas para chegar ao local.

O outro óbito foi em Haxiu, na qual o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, foi acionado para apoiar no resgate. Foi solicitado reforço da Força Nacional e da Polícia Federal para fazer o resgate do corpo. Ao chegarem, uma pessoa foi encontrada ferida. Ela foi levada para atendimento médico.

“O corpo foi entregue para a família para fazer o ritual fúnebre, próprio da cultura, e o ferido está sendo removido para o atendimento de saúde. Então, é uma situação de urgência e emergência permanente. A PF está na área no momento, não sabemos a causa das mortes, estamos esperando a PF retornar para ter as informações”, esclareceu Guajajara.

Saúde

Relatos dos indígenas têm sido em relação à falta de água potável na região, pois os rios estão contaminados com mercúrio, utilizado no garimpo. Outra complicação tem sido a dificuldade de chegar a assistência médica à malocas – casas coletivas onde vivem os indígenas – mais isoladas, que estão rodeadas de garimpos.

“Tomamos conhecimento, também, que várias malocas estão isoladas sem qualquer tipo de assistência e apoio por parte da saúde indígena por questão de segurança ou insegurança. Essa insegurança que nós trazemos também está para os indígenas, não só para as equipes de saúde”, explicou o coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Dinamam Tuxá.

O término da obra da pista de voo em Surucucu é uma prioridade para aliviar a situação, principalmente a sobrecarga na Casa de Saúde Indígena (Casai) de Boa Vista, que está funcionando no seu limite.

“Precisamos junto ao MS [Ministério da Saúde] buscar mecanismos que de fato consiga sanar um problema sistêmico que é de assistência à saúde indígena naquela região. É de difícil acesso, a logística é muito complicada, mas o Estado brasileiro tem como obrigação suprir e garantir uma saúde plena para o povo ianomâmi”, lembrou Tuxá.

Segundo a ministra, as obras estão ocorrendo, mas a dificuldade devido ao mau tempo da região, com chuvas constantes. O plano de ação depende da conclusão das obras para que comece a construção do Hospital de Campanha das Forças Armadas e do envio dos equipamentos, pelo Ministério do Desenvolvimento Social, para a construção de poços e cisternas na TI. “Estamos na missão de devolver a dignidade para o povo ianomâmi”, declarou a ministra.

Deixe seu comentário

Please enter your comment!
Please enter your name here