Mulheres Yanomami. Foto: divulgação/ Hutukara Associação Yanomami

Um grupo de mulheres Yanomami de Roraima enviou ao presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva (PT), uma carta onde pedem a atenção do novo governo para com a situação dos Povos Indígenas e das florestas.

“Hoje a floresta está doente. Quando nossa floresta está doente, todos nós ficamos doentes. A floresta está cheia de buracos. Tem muitos garimpeiros na nossa terra. Antigamente tinha água limpa, hoje está muito suja, os rios estão amarelos e já faz tempo que está assim”, denunciam.

As condições precárias de assistência a saúde àquele povo foi novamente alvo de denúncias esta semana, após a divulgação de imagens que comprovam a desnutrição e a falta de assistência aos indígenas.

“A presença do garimpo causa conflitos que leva à retirada das equipes de saúde de área. Há hoje muitos postos de saúde na Terra Indígena Yanomami que estão fechados. Há milhares de Yanomami que estão sem nenhum atendimento à saúde. Naqueles postos que ainda estão funcionando, não há medicamentos, falta bote e motor. As equipes não têm como fazer o atendimento básico e muitas comunidades não recebem visitas das equipes de saúde”, dizem as indígenas no documento enviado ao presidente eleito.

No fim de novembro, uma operação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal  mostrou um esquema de desvio de recursos públicos federais do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI-Y).

“Estamos vivendo um verdadeiro caos sanitário. Quando vamos ao posto de saúde, os funcionários nos dizem: ‘não há remédios, não há nada que possamos fazer, nós pedimos os remédios, mas eles não chegam’. Tem muitos casos de malária. A Casa de Apoio à Saúde Indígena (CASAI) não está funcionando bem, as crianças saem para o Hospital da Criança e quando voltam para CASAI ficam doentes novamente. Voltam com outras doenças, até pegam malária lá”, dizem as mulheres em trecho da carta.

“Muitas escolas que tinha na nossa terra foram fechadas e não funcionam mais. Queremos que nossos jovens possam estudar na nossa terra e na nossa língua. Por isso, queremos escola indígena no nosso território e formação de qualidade para professores indígenas e agentes indígenas de saúde (AIS)”.

Por fim, as mulheres Yanomami pedem ao presidente Lula que seja firme no combate ao garimpo e implemente o Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA), para que essas pessoas tenham a liberdade de cuidar de seus territórios sob a proteção da Lei.

Para ler a carta na íntegra, clique aqui.

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