Operação Ágata. Foto: divulgação/ Ministério da Defesa

Muito se fala sobre a importância da preservação ambiental e da Amazônia, maior floresta tropical do mundo. Mas, além dos planos de proteção da mata e de desenvolvimento sustentável, é preciso que seja tratado o problema da insegurança e, para os brasileiros, essa ação não tem acontecido. Para 65%, o governo federal não está trabalhando para combater crimes na região, enquanto 17% entendem que sim e 18% não sabem. O levantamento faz parte da 2ª pesquisa realizada pelo PoderData em 2022, a pedido do iCS (Instituto Clima e Sociedade), e traz dados das perspectivas da população sobre a floresta e e sua proteção.

A percepção é ainda mais alta na região Norte, onde está concentrada a maior extensão da Amazônia brasileira –69% dos entrevistados afirmam que o governo não tem atuado como deveria.

Essa sensação da falta de atuação está ligada ao alto índice de violência na área, maior do que no resto do país. Um estudo do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostrou que a Amazônia Legal, que reúne os 9 Estados que são cobertos pelo bioma, tem taxa de violência letal 38% maior do que a média do restante do Brasil e que 13 das 30 cidades mais violentas do país estão na região.

“O que acontece é que lá há uma sobreposição de crimes, tem crimes ambientais, contra a mulher, tráfico etc. Outra questão é que nós temos uma situação demográfica, ao contrário do restante do país, a região ainda apresenta um crescimento no número de jovens (30% da população do Norte tem menos de 18 anos), e há uma associação muito forte em termos estatísticos entre juventude e violência letal”, disse o diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima.

A pesquisa do PoderData foi realizada entre 28 e 30 de julho de 2022, menos de 2 meses após as mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, assassinados na região do Vale do Javari, área de floresta no Estado do Amazonas. O caso jogou holofotes na insegurança e nos conflitos violentos da região.

Lima também explica que o Norte passa por um momento diferente com relação à criminalidade. “Em várias outras regiões do país, as facções do tráfico tiveram em guerra em 2017, que foi o ano recorde dos homicídios no país (foram mais de 67 mil mortes). Agora, ou ganharam a guerra ou fizeram trégua. Então, os conflitos de São Paulo e do Rio de Janeiro, por exemplo, respondem a uma dinâmica diferente da que existe no Norte e na Amazônia, por mais que no Brasil inteiro tenha a presença dos grupos armados. Lá, temos mais de 20 facções disputando o território, em outros locais há a consolidação do do domínio de uma ou de outra facção.”

Para a coordenadora do Laboratório de Estudos Interdisciplinares da Amazônia na Ufam (Universidade Federal do Amazonas), Marilene Corrêa, diante desse cenário, a população tem a percepção de uma frágil atuação do governo no combate à criminalidade porque “falta decisão política”. “Na Amazônia, há uma falta de regulação de Estado, de cumprimento dos dispositivos constitucionais. Há uma insegurança coletiva. A ausência do Estado permite que essas forças criminosas façam sua própria agenda”, afirmou.

Já na avaliação geral, não somente relacionada à insegurança, mas à proteção da floresta como um todo, a maioria da população brasileira (49%) diz que a atuação da administração é ruim ou péssima, 15% consideram-na boa ou ótima, 23% regular e 13% não sabem.

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