A Rússia é um dos maiores exportadores de petróleo do mundo, mas após o presidente Vladimir Putin ter invadido a Ucrânia, a situação da commodity no mercado internacional passou a preocupar especialistas. O petróleo – que já acumula alta desde o início da pandemia – pode ficar ainda mais caro. E com isso, impactar nos preços da gasolina e do óleo diesel em diversos países, incluindo o Brasil.

Segundo Luciano Costa, editor de Energia e Commodities da plataforma de investidores TC, o acirramento das tensões entre Rússia e Ocidente levou os preços do petróleo Brent, utilizado como referência internacional, “a tocar mais de 99 dólares por barril ontem (22), renovando máximas desde 2014, último ano em que as cotações superaram os 100 dólares”.

Mas não é só isso. O especialista explica que além do aumento do preço do barril de petróleo no mercado internacional, o preço dos combustíveis no Brasil ainda varia com relação ao câmbio, ou seja, o preço do dólar em relação ao real.

“Nos últimos dias, a valorização do real compensou em alguma medida a alta do petróleo, mas ainda assim estimativas da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), que representa importadores de combustíveis, apontam para uma defasagem de 8% no diesel e 11% na gasolina, se comparados seus valores aos preços externos”, explica Costa em relação à situação atual. Em outras palavras, há margem para mais aumentos nos preços dos combustíveis no Brasil.

Para chegar a conclusão, Costa também analisou um relatório do Bank of America, cuja projeção é de que o barril do petróleo Brent poderia subir mais entre cinco e vinte dólares em caso de aumento da tensão geopolítica: “O que aumentaria a pressão sobre a política de preços da Petrobras”, indica o professor.

Frente ao cenário internacional de alta do preço do petróleo, a Petrobras tem pouco a fazer com a manutenção do Preço de Paridade de Importação. Segundo Costa, o presidente da estatal, Joaquim Silva e Luna, afirmou em ocasiões recentes que “a empresa pratica preços de mercado alinhados aos internacionais, mas busca evitar o repasse de volatilidades aos consumidores, segurando os reajustes em alguns momentos, principalmente quando há instabilidade nos mercados de petróleo”.

Caso o conflito entre Rússia e Ucrânia persista – a “instabilidade” pode se tornar uma alta permanente de preço, e aí os brasileiros sofrerão com mais reajustes na bomba do posto.

Deixe seu comentário

Please enter your comment!
Please enter your name here