Foto: reprodução/ redes sociais

Eleito como um não político que iria administrar o Estado com a competência que ele comanda seus negócios, o governador Antonio Denarium até hoje não consegue ter o domínio do Executivo estadual. Sua ingenuidade e lerdeza política desde o início permitiram o surgimento de um governo paralelo, nas penumbras   da Casa Civil.

Isso ficou bem visível no depoimento que o ex-secretário estadual de Saúde, Allan Garcês, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa de Roraima, em que ele disse que o chefe da Casa Civil mantinha  ingerência na Sesau, como se fosse um governador. Até aliados políticos iam  ao então secretário pedir nomeação de cargos na Sesau.

O desmando na Saúde já vinha de secretários anteriores, desde o início dessa administração, que foram pedindo para sair ou sendo trocados na velocidade das ações corruptas que ocorriam naquele setor.  Tudo indica que nada mudou por lá, conforme as graves denúncias que pipocaram nas redes sociais e foram reverberadas pelo deputado federal Hiran Gonçalves (PP), um aliado do governo, sobre a compra de 30 respiradores por quase R$240 mil cada um, totalizando mais  de R$6 milhões.

Denarium não consegue ter o domínio de seu governo e assim não tem força para estancar a corrupção na saúde. A compra de respirardes expõe a incapacidade de governar de forma austera, pois além de apontar um possível superfaturamento, a denúncia diz que a compra foi feita com pagamento antecipado para entrega somente em julho!

Em vez de esclarecer os fatos e jogar limpo com a opinião pública, Denarium faz silêncio sobre a questão e, para despistar ou ocultar os fatos, divulga a primeira compra de respiradores, com recursos de emenda parlamentar, a um preço justo, por R$44 mil. Por aí é possível ter uma noção da estratosférica diferença de preços. A Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa já pediu informações sobre essa compra. E está aí mais um caso para a CPI da Saúde.

Se Denarium se elegeu prometendo moralizar o Estado, por que fica passando a mão na cabeça de quem erra e por que não toma decisões mais drásticas? Há algo muito estranho nas atitudes do governador. Nem chega perto daquele que se elegeu dizendo que ia moralizar o governo. Senão, vejamos: uma ex-secretária exonerada da Saúde foi premiada com outro cargo na Companhia Energética de Roraima (Cerr), que está em processo de extinção. É uma antiga prática de governos do toma-lá-dá-cá e das acomodações para favorecimento de grupos.

No depoimento à CPI da Saúde, o ex-secretário foi bem claro a dizer que o irmão de Denarium o chamou a uma cafeteria em Brasília para dissuadi-lo a pagar uma empresa fornecedora de medicamentos de alto custo, a qual já estava sob a mira da CPI sob fortes suspeitas de irregularidades. E o que fez o governador? Calou-se e nunca mais ninguém tocou no assunto, como se não fosse uma grave denúncia. Ele faz silêncio sobre tudo aquilo que deve satisfação ao povo.

O caso do sumiço de grãos  da Cooperativa Grão Norte é um dos escândalos que ficaram ocultos. O furto de dentro dos silos de propriedade pública, cuja entidade é beneficiada com fartas isenções do governo,  é de interesse público, mas o governador nunca sequer deu um posicionamento, ainda que ele próprio tenha sido um dos produtores vítimas do golpe que chega a R$15 milhões!

Esse é o governo Denarium, que faz live, vídeos, selfies e postagens sobre qualquer ação de seu governo, mas cala-se quando a opinião pública cobra satisfação e transparência de sua administração.  Cadê o não político que prometeu consertar o Estado? Não existe mais tempo para ficar aprendendo a administrar. O tempo urge. Denarium está preocupado com seus negócios, o agronegócio e venda de terras. Está evidenciado que ele não está emprenhado em resolver as grandes questões de Roraima.

*Colunista

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