Foto: reprodução

 

 

Quem enfrenta o trânsito diário em Boa Vista percebe que a cada dia aumenta a confusão em vários pontos onde há estrangulamento no tráfego, especialmente no horário de pico em rotatórias como a do Trevo, no entrocamento do trecho urbano das rodovias 174 e 401. O mesmo ocorre nas rotatórias do bairro Caranã e o da Avenida Carlos Pereira de Melo.

A cena se repete em outros semáforos tantos nos bairros como no Centro. Com o transporte urbano ineficiente, só aumenta o número de carros, motos e bicicletas no trânsito. Sem saída, os assalariados recorrem a longos financiamentos para comprar motos e até mesmo carros para que tenham melhor locomoção para o trabalho e para o lazer nos fins de semana.

A precariedade do serviço de transporte urbano pode ser sentida a partir das faixas exclusivas criadas pela Prefeitura para os ônibus em algumas avenidas em áreas centrais. Dificilmente se vê ônibus utilizando essas faixas, mesmo nos horários estipulados nas placas sinalizadoras. A demora é tanta a ponto de ter favorecido a entrada das empresas de transporte por aplicativos.

Para se ter uma ideia, apesar de todos os problemas no trânsito, um condutor nos bairros mais afastados não leva mais que 20 minutos para chegar ao Centro. Por isso, não dá para compreender que os ônibus demorem uma eternidade, muitas vezes impondo uma hora de espera nas paradas. A situação piora em fins de semana.

O trabalhador pauperizado, que não tem dinheiro para comprar um transporte nem utilizar lotação e aplicativo, é obrigado a se submeter à tortura diária dos ônibus urbanos, serviço esse que deveria ter recebido atenção no suposto Plano de Mobilidade Urbana da Prefeitura que consumiu R$65 milhões oriundos de empréstimo federal.

Como não existe verdadeiramente um plano de mobilidade com investimento no transporte público, a confusão só aumenta no trânsito e mais pessoas fazem sacrifícios para comprar um transporte, o que significa mais carros e motos a ampliar a confusão. E a engenharia de trânsito municipal vem fazendo remendos que só complicam, em vez de criar soluções, a exemplo do semáforo instalado na rotatória no entrocamento das avenidas Brasil (trecho urbano da BR-174) e Centenário, na altura do Posto Karakas.

Outra séria consequência dessa realidade é o grande número de acidentes diários nas ruas e avenidas de Boa Vista, muitos deles apenas com danos materiais e que nem chegam a ir para as estatísticas. Outros que registram vítimas, boa parte envolvendo ciclistas e motociclistas, contribuem para sufocar o já combalido atendimento no Pronto Socorro do Hospital Gera de Roraima (HGR).

Se as autoridades municipais não se mobilizarem para começar a resolver esses sérios problemas de mobilidade de pessoas e no tráfego de veículos, Boa Vista logo começará a sentir consequências mais severas, com a piora na qualidade de vida das pessoas. É preciso também que se invista em transporte público. Cidades de Primeiro Mundo subsidiam o transporte público para que a população deixe seu veículo na garagem e passem a usar ônibus e metrô.

Aqui, parece que a Prefeitura inviabiliza o transporte público em vez de investir no setor para o bem-estar dos menos favorecidos economicamente. É como se as pessoas que dependem de ônibus fossem cidadãs de segunda categoria, esquecidas pelo poder público, ainda que, como contribuintes, também irão pagar a conta milionária do empréstimo para bancar uma mobilidade urbana que nunca existiu.

*Colunista

 

 

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