Está muito óbvio que o governo de Antonio Denarium (PSL) é o porta-voz dos grandes empresários, os quais sempre estiveram ligados a todos os governos, seja financiado candidaturas (muitos falaram em agiotagem até) e/ou se beneficiando de isenções,  usadas muitas vezes de forma indevida, ou mesmo direcionando licitações. O vice-governador Frutuoso Lins (S/Partido) foi mais sagaz ao classificá-lo como “garoto propaganda do agronegócio”, quando anunciou o racha político, na terça-feira.

Ao repetir exaustivamente, em suas andanças bancadas com o dinheiro público, que quer o agronegócio como nova matriz econômica, esse governo tão somente confirma a opção pelos grandes em prejuízo aos pequenos produtores, em especial a agricultura familiar, essa sim que gera emprego e renda na zona rural e coloca alimento na mesa do roraimense.  O agronegócio sempre foi a bandeira desse grupo ao longo de todos os governos, que beneficiou alguns poucos e deixou muito pouco para Roraima.
Basta questionar quantos empregos a fazenda do governador gera. O desafio está lançado. O agronegócio, em sua maioria, tem sede em outros estados, para onde o dinheiro do lucro é enviado.   Na hora da colheita, até os operadores das máquinas são trazidos de fora e enviados de volta depois. Nas fazendas ficam o caseiro, o capaz e os peões eventuais que fazem a manutenção da fazenda.
Com as isenções, o agronegócio traz tudo de fora, inclusive alguns desses grandes empresários usam esse benefício para faturar ainda mais com a crise venezuelana. Eles compram produtos como papel higiênico, trigo, arroz e outros alimentos de primeira necessidade com isenção e os importam para a Venezuela,  ficando para Roraima somente os estragos feitos nas rodovias federais. São 200 carretas só numa manhã que atravessam a fronteira.
O governador Denarium nem disfarça sua opção preferencial pelos grandes. No encontro de governadores com o presidente Jair Bolsonaro (PSL), esta semana,  Denarium não pediu nada para os pequenos e os pobres. Ele falou pelos grandes empresários, pedindo perdão de multas ambientais e reclamou da ação fiscalizatória e apreensão de madeiras feitas pelo Ibama.  O governador  sabe que o governo Bolsonaro tem uma tara antiambientalista e está disposto a se aproveitar disso em nome dos seus parceiros empresariais a cada viagem para fora do Estado, como se estivesse construindo uma nova realidade econômica.
Essa não foi a primeira tentativa de beneficiar  seus companheiros empresários, que não estão preocupados com a situação do povo. O governo já havia cooptado um grupo de índios, os mesmos que sempre deram apoio aos grandes produtores de arroz, no passado, para que fossem a Brasília mostrar  apoio às propostas de Bolsonaro.  São índios que estão na folha de pagamento do governo e que sequer plantam uma roça em suas comunidades, mas que falaram em abrir as terras indígenas para o agronegócio.
Recebidos pelo presidente, os indígenas participaram de uma live (transmissão ao vivo pelo Facebook) feito pelo presidente. Por mais absurdo que possa parecer, no final da fala, um dos índios não pediu nada para as suas comunidades ou para a questão indígena. Ele pediu que  o presidente revisse as multas aplicados aos grandes produtores.   Obviamente que se tratou de uma armação do governo com seus amigos empresários, que nunca gostaram de índios e não estão nem aí para qualquer política indigenista e ambiental.
Enquanto Denarium se apressa em beneficiar seus parceiros empresários, o Estado patina para sair do buraco do qual os grandes empresários nunca se importaram, mesmo financiando campanha eleitorais e elegendo seus representantes mais endinheirados.  Por isso o racha do vice-governador com esse grupo que comanda o governo não pode ser tratado apenas como uma birra política; precisa ser visto como um alerta não só para o que está acontecendo, mas para o que não está sendo feito.  E o que não está é o apoio àqueles que realmente geram emprego e renda nesse Estado, os pequenos empresários e os agricultores familiares.
*Colunista, idealizador do site www.roraimadefato.com.br

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