Com a desmobilização imediata que o Governo Feral promoveu  nos órgãos de defesa do meio ambiente, logo que a atual administração assumiu, o Estado de Roraima ardeu em chamas  nos primeiros meses do ano, período que representa o fim do verão, tempo de seca, e o início do inverno, que é a nossa estação chuvosa. As chuvas, como sempre, debelaram os incêndios. Somou-se ao fato um Governo do Estado que fez pouco caso do grave problema ambiental, não por coincidência eleito sob a mesma bandeira da “nova política”.

Anualmente enfrentamos os mesmos sérios problemas de queimadas descontroladas e incêndios criminosos, sem que os governantes locais tenham aprendido com a grande tragédia provocada pelo incêndio histórico no fim de 1997 e início de 1998, quando houve não só a destruição irremediável da biodiversidade como também prejuízos incalculáveis à economia local sentidos pela cadeia produtiva e pela população, atingida pela invasão de nuvens de fumaça e fuligem, além da escassez de produtos vindos do campo.
Espaços agrários viraram cinzas, prejudicando a temporada agrícola de colonos e assentados pobres, bem como a morte de gado dos pequenos e médios produtores. Os grandes produtores, assim como hoje, sempre fazem vistas grossas porque eles têm condições de proteger suas pastagens e estruturas instaladas nas fazendas. Além disso, comemoram porque o fogo limpa suas áreas para o plantio, os poupando de gastos com o preparo da terra.
O fogo culturalmente é usado por índios e produtores para limpar áreas de plantio e renovar pastos em toda Amazônia. Como não há uma fiscalização efetiva e ações de acompanhamento, as queimadas saem do controle e se transformam em grandes incêndios e tragédias ambientais. No grande incêndio que varreu o lavrado e áreas de matas roraimenses, em 1997/1998, Roraima recebeu ajuda internacional não só para combater as chamas como para montar o mais moderno centro de monitoramento do fogo.
Por incompetência dos seguidos governos, nada restou dessa estrutura de primeiro mundo, nem mesmo o Comitê criado para prevenir e combater os incêndios. Na atual conjuntura, do governo Bolsonaro (com sua completa falta de política ambiental e sucateamento do que já existia) e de Antonio Denarium (nas mãos de grande produtores que não estão nem aí para preservação), não se pode esperar nada.
Neste momento, o inverno roraimense está no fim com as últimas chuvas e logo as queimadas irão repetir as tragédias anuais ocasionadas pelo fogo. A perspectiva é que essa tragédia seja muito maior diante do que vemos na atual política (ou falta dela) para o meio ambiente, com cortes de recursos, engessamento do Ibama e ICMBio,   negativa de cooperação internacional e desprezo por parte dos governos local e central. Os mais prejudicados são os mesmos: pequenos produtores e a população de uma forma geral.
Não se enganem com esse descaso com a questão ambiental, que não é de hoje e que se ampliará no atual cenário. Trata-se de uma política de governo para favorecer ainda mais os grandes e poderosos. Os incêndios, por exemplo, ferem de morte econômica e provoca desânimo  nos pequenos produtores, que abandonam seus lotes e áreas de assentamentos, cujas propriedades são compradas a preços irrisórios pelos grandes proprietários para instalação de pasto, no lavrado, ou extração de madeira, em áreas de floresta.  Isso sem contar com os prejuízos irrecuperáveis ao ecossistema.
Essa é a “nova política” do atual do governo, que declaradamente é a favor do garimpo a qualquer custo, contra populações indígenas e desfavorável à qualquer ação que se mova em favor do meio ambiente.  Deixar o fogo avançar ou negar o aumento e seus prejuízos é a forma de varrer os pequenos e liberar grandes áreas para os que já detém o poder econômico (e político, traduzido na bancada rural).  A sentença já foi dada.  Se o brasileiro não abrir os olhos, urgente, tudo isso se tornará  irreversível.
*Colunista, idealizador do site www.roraimadefato.com.br
 

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