Principal atividade econômica de Roraima continua a economia do contracheque (Foto: Divulgação)

O governador Antonio Denarium (PSL) tenta desviar o foco da atenção dos problemas do Estado de Roraima divulgando que o maior problema que a população enfrenta estaria além da saúde e da segurança. No estilo ilusionista, ele tenta incutir no cidadão que o desemprego é o grande mal e que estaria se esforçando para resolver isso. Que o desemprego é “o” problema, inclusive do Brasil, todos já sabemos. Mas que ele estaria empenhado em resolver a questão, não procede. Senão, vejamos.

O setor público, de longe, é o grande responsável por gerar emprego e renda no Estado. E isso qualquer analfabeto político sabe, porque tal realidade tornou-se inclusive uma frase feita, a “economia do contracheque”, para designar nossa principal atividade econômica. O pagamento do funcionalismo público de todos os níveis de governo aquece o comércio, nossa segundo principal atividade econômica. Depois vêm o setor imobiliário, a construção civil e a agricultura.

Apesar desse quadro, que é sabido por qualquer estudante secundarista em trabalho escolar, o governador começou sua administração fazendo viagens para outros estados no que ele classificou como visita para convidar grandes produtores a investirem em Roraima, em especial o agronegócio que investe pesado em monoculturas. A ideia pregada é aquela que vem sendo repetida desde os primeiros governantes de que nosso futuro está na agricultura.

Se estivesse realmente interessado em atacar imediatamente o problema do desemprego, Denarium não estaria correndo atrás da monocultura, em especial a soja que se estabeleceu por aqui, pois, apesar dessa atividade gerar divisas e proporcionar outros benefícios à economia local, a agricultura familiar é a que mais gera emprego e renda, muito mais do que o agronegócio, o qual caiu no gosto dos discursos políticos que tentam fazer o povo acreditar em engodos.

Enquanto o governador fica no discurso de atrair grandes produtores, mesmo sem antes resolver a questão energética e regularizar a questão fundiária, ele deixa a agricultura familiar à míngua, sem qualquer perspectiva de que os pequenos produtores possam continuar gerando emprego e renda no campo, principalmente nos municípios, submetidos a todos os tipos de dificuldades. São os pequenos produtores que conseguem alavancar o setor e o impulsioná-lo para que fique na quinta colocação das principais atividades econômicas de Roraima.

Enquanto a economia do contracheque for nossa principal atividade econômica, que faz aquecer o comércio em período de pagamento dos servidores públicos, nossos desafios mais urgentes continuarão sendo a saúde, a educação e a segurança (não necessariamente nessa ordem). E se o governo quer apostar na agricultura como um alavancador de emprego e renda, que pare de gastar tempo e dinheiro público com viagens, a fim de ludibriar a opinião pública com o discurso do agronegócio, e invista urgente na agricultura familiar.

Enquanto estiver investindo na agricultura familiar, que concentre esforços políticos para solucionar a falta de uma matriz energética confiável e regularize a questão fundiária, dois grandes pilares que irão sustentar o verdadeiro desenvolvimento de Roraima. Se não for assim, tudo não passará de enganação publicitária e ilusão de propaganda em redes sociais. Que o governo pare de enganar e continue encarando os problemas da saúde, da segurança e da educação. De ilusionismo já estamos cheios.

*Colunista, idealizador do site www.roraimadefato.com.br

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