Superintendente da Suframa, Bosco Saraiva. Foto: arquivo/ Câmara dos Deputados.

O superintendente da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), Bosco Saraiva, afirmou que a taxação de 50% sobre exportações brasileiras, anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, terá impacto “quase insignificante” sobre a ZFM. Ele destacou que o Polo Industrial de Manaus (PIM) exporta muito pouco para o mercado norte-americano. O mercado industrial de Roraima também integra a Suframa.

“Do ponto de vista das exportações do polo industrial de Manaus, esse volume é quase insignificante para o seu faturamento, o faturamento que temos divulgado regularmente nos últimos tempos”, declarou Saraiva.

O superintendente também afirmou que o posicionamento da Suframa acompanha o do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que criticou a medida e indicou que o Brasil poderá responder com base na Lei da Reciprocidade Econômica.

Carta e retaliação

O anúncio das tarifas foi feito por Donald Trump por meio de uma carta endereçada a Lula e publicada na rede social Truth Social. No texto, o ex-presidente dos EUA alerta que, caso o Brasil adote medidas de retaliação, o valor poderá ser somado à tarifa de 50%.

As novas taxas norte-americanas variam entre 20% e 50%, a depender do país, e entrarão em vigor a partir de 1º de agosto. Entre as 22 nações notificadas, o Brasil foi o único a receber a alíquota máxima.
Modelo econômico

O secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), Serafim Corrêa, afirmou que a Zona Franca de Manaus não será afetada. Segundo ele, as exportações do PIM para os Estados Unidos são mínimas.

“Em 2024, exportamos R$ 99 milhões para os Estados Unidos, mas importamos R$ 1,4 bilhão. Nossa balança comercial é altamente deficitária. A taxação terá impacto muito pequeno na Zona Franca, porque as exportações equivalem a 0,1% do faturamento do polo industrial”, afirmou Corrêa.

Indústria avalia riscos indiretos

O vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Wilson Périco, também avalia que o impacto direto será nulo, mas alerta para possíveis efeitos no câmbio. “As indústrias do Polo Industrial de Manaus não exportam praticamente nada para os Estados Unidos. O impacto direto será sobre produtos do agronegócio e minérios. No entanto, podemos sofrer com pressão cambial. A redução na entrada de dólares pode elevar o preço do câmbio, encarecendo produtos fabricados aqui”, explicou.

Resposta do governo brasileiro

O presidente Lula afirmou, ainda na quarta-feira, 9, que a resposta brasileira seguirá os princípios da reciprocidade e poderá incluir uma ação na Organização Mundial do Comércio (OMC). O governo sustenta que não há motivação técnica para a tarifa, pois a balança comercial é desfavorável ao Brasil e a medida viola normas de concorrência justa.

Lula também associou o gesto de Trump a uma retaliação política pela situação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que responde a processos no Supremo Tribunal Federal (STF). Em defesa das instituições brasileiras, o presidente reforçou que o país é soberano e “não aceitará ser tutelado por ninguém”.

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