O estudo “Panorama da Infraestrutura – Região Norte” revela que 74% dos empresários industriais consideram as condições de infraestrutura da região como regular, ruim ou péssima, enquanto a média nacional é de 45%. O trabalho, lançado nesta quarta-feira (15) pela CNI, reúne informações sobre as áreas de transporte, energia, saneamento básico e telecomunicações, bem como as propostas para melhorias da infraestrutura nos sete estados do Norte.
Este é o quarto de uma série de cinco estudos produzidos pela CNI com um retrato das condições de infraestrutura nas regiões brasileiras, identificando necessidades de investimento e pleitos do setor industrial.
O presidente da CNI, Ricardo Alban, ressalta que a Região Norte desempenha papel estratégico no desenvolvimento sustentável do Brasil, sobretudo por conta de suas riquezas em biodiversidade e recursos naturais. No entanto, o déficit de infraestrutura tem restringido esse protagonismo.
“As deficiências em rodovias, a baixa integração energética, os entraves no transporte hidroviário e as limitações no acesso a serviços essenciais impactam negativamente a qualidade de vida da população e elevam os custos logísticos, desestimulando os investimentos”, destaca Alban. “Fortalecer a infraestrutura da Região Norte, com respeito aos marcos legais e ambientais, é condição indispensável para a atração de investimentos e o crescimento do setor industrial”, acrescenta.
Déficit de infraestrutura limita o crescimento da região
A Região Norte ocupa uma posição estratégica no contexto do desenvolvimento sustentável brasileiro, devido à sua vasta extensão territorial, elevada diversidade biológica e abundância de recursos naturais. Apesar desse conjunto de atributos, o persistente déficit de infraestrutura tem limitado significativamente a capacidade da região de exercer plenamente seu papel como vetor de crescimento econômico e inclusão social.
Apesar de seu expressivo potencial, o Norte enfrenta entraves logísticos e estruturais que comprometem a articulação entre seus polos produtivos. A malha rodoviária apresenta trechos precários ou incompletos, a infraestrutura ferroviária é praticamente inexistente em grandes áreas, e as hidrovias, embora promissoras, carecem de investimentos em dragagem, sinalização e interligações modais.
Obras prioritárias para o desenvolvimento
Um passo importante foi dado no dia 10 de setembro, com o processo de conexão de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Além deste empreendimento, o trabalho da CNI lista outras obras prioritárias para destravar a infraestrutura do Norte. Entra elas estão a ampliação da navegabilidade da Hidrovia Araguaia-Tocantins, por meio do derrocamento do Pedral do Lourenço, e a exploração de petróleo e gás na Margem Equatorial – nas bacias da Foz do Amazonas e do Pará-Maranhão. Outras prioridades destacadas pela CNI são a conclusão da ponte sobre o Rio Xingu, na Transamazônica; a pavimentação do trecho central da BR-319, entre Porto Velho e Manaus; e a implantação da Ferrogrão (EF-170).
“Se bem conduzidos, esses projetos podem integrar o interior da região aos mercados nacionais e internacionais, promover a criação de emprego e renda, e garantir segurança energética para o país”, enfatiza o presidente da CNI.
Avaliação dos empresários industriais
– Ao todo, 74% dos empresários industriais consideram as condições de infraestrutura como regular, ruim ou péssima na Região Norte. No Brasil, esse patamar é de 45%.
– No Brasil, 54% dos empresários industriais apontam a infraestrutura rodoviária como regular, ruim ou péssima. Na Região Norte, a situação relatada é pior (90%).
– Cerca de 49% dos empresários industriais consideram a infraestrutura ferroviária como regular, ruim ou péssima na Região Norte. No Brasil, essa participação equivale a 52%. No Norte, 55% não sabem ou não responderam. Já no Brasil, esse percentual corresponde a 33%.
– Na Região Norte, 41% dos empresários industriais dizem que a infraestrutura aeroportuária é regular, ruim ou péssima. Já no Brasil, esse percentual atinge 31% dos entrevistados.
– Na Região Norte, 44% dos empresários industriais afirmam que a infraestrutura portuária é regular, ruim ou péssima. Já no Brasil, equivale a 34%. No Norte, 16% não sabem ou não responderam. Já no Brasil, esse percentual corresponde a 43%.
– Na Região Norte, 61% dos empresários industriais afirmam que a infraestrutura de energia é regular, ruim ou péssima. No Brasil, a situação é a mesma (34%).
– Na Região Norte, 83% dos empresários industriais afirmam que a infraestrutura de saneamento é regular, ruim ou péssima. Já no Brasil, equivale a 50%.
– Na Região Norte, 66% dos empresários industriais afirmam que a infraestrutura de telecomunicações é regular, ruim ou péssima. Já no Brasil, o percentual equivale a 38%.