Roraima é a prova viva de que o problema não é falta de dinheiro, nem de potencial. É falta de governo que cumpra seu papel. Um estado pequeno, com desafios muito menores do que grandes capitais brasileiras, deveria ser um laboratório de sucesso. Aqui era para tudo ser mais fácil: menos gente, mais recursos proporcionais, mais possibilidade de planejamento. Roraima poderia ser referência nacional em saneamento, urbanização, energia renovável, saúde pública e políticas sociais eficientes. Poderia ser o primeiro em tudo. Mas não é. E não é por acaso.
O que se vê é uma classe política que não governa para desenvolver, governa para saquear. Não há projeto de estado, não há visão de longo prazo, não há compromisso real com os mais pobres. O interesse nunca é transformar Roraima em um case de sucesso: é transformar o mandato em oportunidade de enriquecimento rápido.
A lógica é sempre a mesma: roubar, encher os bolsos e ir embora. Gastar fora, viver fora, investir fora. Trazer amigos de outros estados para ganhar dinheiro aqui, enquanto o povo local fica com o resto, quando fica com alguma coisa.
Se entregam meia-maternidade, um parque que custou milhões para fazer uma nova portaria, ou uma feira sem identidade arquitetônica, quase sempre há atrelado a isso, um “mas”. Um empreiteiro amigo. Um contrato inflado. Um acordo por trás. Uma condicionante além…a dívida de um empréstimo quase bilionário que ficará para os próximos dois governos pagarem. É o legado.
Nada é feito pensando no impacto social real; tudo é pensado na margem para desviar. Sempre tem um “peraí”. Sempre tem algo escondido. E quase sempre é dinheiro público roubado.
Roraima poderia ter a maior cobertura e qualidade do SUS do Brasil. Poderia ser referência em tratamento de câncer, cirurgias reparadoras, atendimento humanizado. Com menos gente e mais recursos por habitante, isso seria totalmente viável. Mas ninguém quer começar. Porque começar de verdade exige trabalho, seriedade e compromisso — e isso não rende propina.
No fim, sobra para quem sempre sobra: o povo. O pobre de verdade, que deveria ser prioridade absoluta, vira apenas discurso de campanha. Enquanto isso, o estado segue travado, subdesenvolvido não por falta de chance, mas por excesso de corrupção.
Roraima não fracassa por incapacidade. Fracassa porque foi sequestrada por quem nunca quis vê-la crescer.








