A Polícia Civil de Roraima apresentou nesta quarta-feira (30) os resultados da Operação Mata-Leão, deflagrada ontem com foco em desmantelar uma das maiores organizações criminosas ligadas ao tráfico de drogas em Roraima, além de outros três estados brasileiros. Os bens apreendidos somam cerca de R$ 3 milhões.
A investigação começou há 11 meses, após a apreensão de 63 quilos de skunk em agosto de 2024, no bairro Caranã, em Boa Vista. Dois homens foram presos em flagrante na ocasião com a droga, uma arma com numeração raspada, munições e medicamentos de uso controlado. A partir daí, os investigadores identificaram um esquema complexo, com mais de 10 integrantes e funções definidas.
“O grupo atuava especialmente no interior de Roraima e utilizava aeronaves próprias, entre aviões e helicópteros, para transportar cargas de drogas oriundas da Colômbia e Venezuela, que eram desembarcadas em pistas clandestinas na região amazônica. A distribuição nacional era feita por caminhões e veículos utilitários, com destino principalmente para os estados do Amazonas, São Paulo e Bahia”, afirmou o delegado Julio Cesar da Rocha, titular da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes).
Além do tráfico, o grupo operava um esquema de lavagem de dinheiro por meio de empresas de fachada. Durante a operação, oito integrantes foram presos, incluindo dois líderes — um baiano e outro roraimense — responsáveis pela conexão com fornecedores estrangeiros e pela distribuição local.
Ao todo, foram expedidos 10 mandados de prisão preventiva e 18 de busca e apreensão, cumpridos em cidades de Roraima (Boa Vista e Iracema), Bahia (Tucano, Cançãozão, Monte Santo e Salvador) e Amazonas (Manaus e Manacapuru).
Foram apreendidos quatro armas, munições, veículos de luxo (Toyota Hilux, SW4, Dodge Ram e Amarok), uma lancha de alto padrão, joias e relógios — um deles avaliado em R$ 90 mil —, além de documentos e registros contábeis usados na lavagem de dinheiro.
Os bens apreendidos somam cerca de R$ 3 milhões. Segundo Julio Cesar, o objetivo foi atingir o poder econômico da organização, mais do que encontrar drogas nos endereços.
“A operação não visava apenas as prisões, mas o bloqueio do poder econômico do grupo. A gente sabia que dificilmente encontraria drogas nos endereços ontem, pois a organização mudou a forma de armazenagem após ações recentes. Mas o foco era atingir o que mantém essa rede viva: o dinheiro”, destacou o delegado.
O diretor do DENARC (Departamento de Narcóticos), Herbert de Amorim Cardoso, também enfatizou a importância de enfraquecer a estrutura patrimonial do crime.
“Mais do que prender o traficante da ponta, é preciso dissolver a engrenagem que o sustenta: a logística, o financiamento, os bens de fachada, as empresas utilizadas para lavar dinheiro”, disse.
Ele explicou que a operação foi realizada com apoio das Polícias Civis da Bahia e do Amazonas e que a investigação continua com novas diligências.
“Essa operação marca um divisor de águas no combate ao tráfico em Roraima. Com ela, desarticulamos não apenas a logística e a distribuição, mas principalmente o núcleo financeiro da organização”, concluiu Julio Cesar.