Foto: Reprodução/Semuc

Nas comunidades indígenas de Boa Vista, onde a distância dificulta o acesso à justiça e à proteção, a presença da Patrulha Maria da Penha tem sido essencial para garantir a segurança de vítimas da violência doméstica. Desde novembro do ano passado, guardas municipais treinados acompanham de perto mulheres que possuem medidas protetivas expedidas pela Justiça.

O trabalho inclui visitas regulares, fiscalização do cumprimento das ordens judiciais (como o afastamento do agressor e a proibição de contato), além de acolhimento, orientação e reforço à sensação de segurança. Esse contato direto com as vítimas, muitas vezes sem acesso a serviços básicos, sinaliza que o poder público está presente mesmo nos locais mais distantes.

O trabalho tem evitado casos de re-vitimização e até mesmo tragédias maiores, segundo a comandante da Patrulha, Jessyka Pereira. “O acompanhamento contínuo ajuda a prevenir que a mulher volte a se relacionar com o agressor, seja por medo, pressão social ou dependência emocional”, completou.

A patrulha também tem um papel social e educativo. Durante as visitas, as mulheres recebem orientações sobre seus direitos, são encaminhadas para atendimentos psicológicos, jurídicos e sociais, o que contribui para a reconstrução da autoestima e para que rompam o ciclo da violência.

“A Patrulha Maria da Penha cuida de mim, conversa e me ajuda quando preciso. Sou mãe de três meninas pequenas, a minha prioridade nesse momento é estar segura para cuidar e proteger elas também”, relatou uma mulher indígena da Comunidade da Ilha, vítima de violência do marido e que passou a ser acompanhada em abril.

Para outra mãe da comunidade Vista Alegre, que pediu medida protetiva contra o próprio filho após agressões às filhas mais novas, a patrulha é mais que proteção: representa amparo. “Eu sou muito grata pela atenção de cada um deles. Sempre que a equipe vem, eu me emociono. Os guardas fazem um bom trabalho e nos deixam mais tranquilos com as conversas e orientações”, disse.

De acordo com o integrante da Patrulha Maria da Penha, Paulo Paulino, o trabalho é feito com planejamento e sensibilidade. “A missão da patrulha não é só fiscalização, mas orientação. A gente indica a rede de proteção com os quais elas também podem contar. No decorrer do nosso trabalho percebemos que as assistidas se sentem muito seguras com a nossa presença e a sensação de segurança é primordial para elas”, contou.

Durante as visitas, a equipe também conta com o apoio da Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS). A assistente social Nilvana Marques acompanha os casos e identifica outras necessidades das famílias atendidas.

“Vindo aqui conseguimos identificar se essa família está com o Cadastro Único atualizado, se já faz parte do Bolsa Família, se tem crianças ou alguém alguma deficiência. Estar em loco nos permite dar esse suporte sem que a mulher precise ir até a cidade ou pagar alguém para isso”, explicou Nilvana.

Dados de Boa Vista

Nos últimos dois anos, o número de atendimentos a mulheres em situação de violência em Boa Vista foi significativo. Durante esse período, foram recebidos 4.540 casos pela Patrulha Maria da Penha. O total de visitas chegou a 27.259, o que evidencia o esforço da prefeitura em acompanhar as vítimas e verificar as condições de segurança.

Como denunciar a violência contra mulher

O fortalecimento das denúncias é fundamental para que crimes de violência sejam devidamente apurados e punidos, para a segurança e garantia dos direitos das mulheres. As vítimas podem falar com a Patrulha Maria da Penha através do número (95) 98414-4413.

Elas também podem procurar a Casa da Mulher Brasileira, localizada na rua Uraricoera, S/N, no bairro São Vicente. Qualquer mulher que esteja se sentindo ameaçada ou em situação de risco de violência também pode ligar no 190 da Polícia Militar.

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