Conforme levantamento feito por vereador,foram identificados morosidade no andamento dos serviços, materiais de qualidade ruim e até mesmos serviços não entregues conforme especificado no contrato. Foto: Divulgação/ PMBV

Desde o ano de 2017 a Prefeitura de Boa Vista vem realizando obras nas praças públicas de vários bairros da Capital, mas o que chama a atenção é que várias delas passaram por seguidas reformas, o que equivaleria dizer que processos foram abertos para realizar a reforma da reforma.

Um fato que chama atenção é que vários desses serviços apresentam algum tipo de erro ou irregularidade. A empresa que realizou essas obras foi a Manhattan Construções e Serviços Ltda, que tem como proprietário Natan Buckley Lima da Silva, marido da deputada Catarina Guerra (SD), que apenas nesses dois últimos anos recebeu cerca de R$10,8 milhões da Prefeitura por essas obras.

Um levantamento feito pelo vereador Linoberg Almeida (Rede) aponta que a Manhattan foi responsável pela execução de obras referentes a cinco processos licitatórios de 2017 até o ano passado, com obras entregues até o segundo semestre deste ano. São reformas de praças, que incluem instalação de quiosques, brinquedos e academias de ginásticas , além de construção de playgrounds em todas as escolas públicas municipais.

Conforme o vereador, nos levantamentos foram identificados morosidade no andamento dos serviços, materiais de qualidade ruim e até mesmo serviços não entregues conforme especificado no contrato.

Um dos processos, o de número 007/2015, refere-se a serviços remanescentes das praças dos bairros Centenário e Cauamé, no valor de R$1.548.505. Remanescentes significam que foram serviços não realizados em obras anteriores. Esse processo contemplava instalação playground, academia aberta, iluminação e quiosque de lanchonete.

Praças estão danificadas. Foto: Divulgação/ PMBV

No Centenário, até um mês atrás não havia sido instalada a academia de ginástica e lá constava somente playground. “Depois de muito tempo, depois das fiscalizações que fizemos, começou a construção do playground”, disse o vereador ao complementar que a praça foi fechada novamente para a construção do que ficou faltando, ou seja, a reforma da reforma.

Na praça do Cauamé, a reforma foi entregue com academia aberta, mas não havia sido instalado o playground completo. Com as denúncias feitas pelo vereador nas redes sociais e na tribuna da Câmara, a praça foi fechada para reforma novamente alguns meses depois, quando colocaram playground. Mas os problemas não foram sanados.

“Dias depois, devido à péssima qualidade do material do playground, os equipamentos começaram a deteriorar. Aí fecharam de novo e, no mês passado, a praça foi fechada de novo para manutenção do playground”, destacou o vereador.

Uma das obras mais recentes foi a reforma da Praça Capitão Clóvis, no Centro Histórico de Boa Vista, no início da Avenida Jaime Brasil, inaugurada em novembro deste ano. Conforme o processo 180/2018, o valor da obra foi de R$1.972.094,91.

Além da demora para entrega da reforma da praça, o vereador questionou a qualidade do material do playground, pois no dia seguinte à entrega da forma já havia equipamento no chão. “A empresa foi chamada a ajustar, mas a gente vê que a qualidade do material não é boa”, disse Linoberg.

Foto: Divulgação/ PMBV

Com brinquedos quebrados ou deteriorados, qualidade dos equipamentos é questionada

A empresa Manhattan Construções e Serviços Ltda também foi responsável pelas obras de instalação de playground e academia aberta em várias praças de Boa Vista que passaram por reforma desde 2017, a exemplo das localizadas nos bairros Mecejana, Cambará, Pricumã, Estados e a da região de Monte Cristo, na zona rural, entre outras. O processo 350/2017 aponta o valor de R$2.826.901,00 para realização dessas obras.

Segundo o vereador Linoberg Almeida, as obras das praças têm problema de qualidade, como brinquedos quebrados uma semana depois da inauguração. Além disso, há casos de erros no projeto ou obras que nem chegaram a ser entregues. Existem praças onde a obra nem chegou a ser inaugurada, mas o material já está deteriorado, como os assentos dos balanços feitos de madeiras, que apodreceram com a ação do tempo.

Segundo ele, nesses playgrounds não existem informações sobre especificações de peso, idade e tamanho para que se evitem acidentes pelo uso inadequado dos brinquedos. Além dos riscos de acidentes, o uso inadequado pode levar a destruição dos equipamentos bem antes do seu tempo útil de vida.

Foto: Divulgação/ PMBV

Playgrounds de todas as escolas apresentam problemas na qualidade ou erros no projeto

A empresa Manhattan também foi responsável pelas obras referentes a dois processos destinados à implantação de playground em todas as escolas municipais no ano passado e neste ano. Um dos processos é o de número 379/2017, no valor de R$2.024.650, e o de número e 289/2017, no valor de R$2.427.421,00. Conforme o vereador Linoberg, a reclamação de pais e professores é geral em todas as unidades de ensino. Ele disse que seu gabinete não conseguiu ter acesso ao projeto das obras, por isso ficou difícil fiscalizar melhor.

Um dos problemas é que o espaço dos playgrounds para crianças brincarem é muito pequeno para o número de crianças matriculadas. Há escolas em que, na hora do intervalo, não há condições para todas as crianças brincarem. Esse é o caso da escola no conjunto residencial Pérola, no bairro Airton Rocha. Neste caso, saída encontrada é colocar de 10 a 15 crianças por vez nos brinquedos, enquanto as demais esperam ou sequer conseguem brincar devido ao horário.

A qualidade do material é outro problema, pois existem crianças de determinada idade, peso ou tamanho que não conseguem brincar, pois podem provocar sérios acidentes. Outra questão observada é que existe material que já foi danificado com pouco tempo de uso, apesar do cuidado que os funcionários das escolas com os playgrounds.

A reclamação campeã recebida pela equipe do gabinete do vereador refere-se ao fato de que os playgrounds foram instalados em áreas não cobertas, o que deixa as crianças expostas ao sol ou ao risco de chuva. Devido ao sol forte característico do clima boa-vistense, as crianças ficam impossibilitadas de usarem os brinquedos, pois com o sol forte há aquecimento do material emborrachado e devido ao metal que pode provocar queimaduras.

Outro lado

À reportagem, Natan Buckley Lima da Silva, dono da Manhattan Construções e Serviços Ltda, informou que todas os serviços prestados à prefeitura de Boa Vista foram financiados com do Governo Federal e fiscalizados pelos órgãos federais, bem como pela própria prefeitura e pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado).

“Sobre questão da morosidade, as minhas obras foram entregues conforme o cronograma e sem nenhum problema. Quanto a qualidade, existe um orçamento e as especificações do que é para ser usado. A gente compra o material, coloca na obra e ele é fiscalizado de acordo com o que foi pedido no projeto junto com orçamento do material que foi pedido”, disse o empresário.

Ele garantiu ainda empresa nunca respondeu a nenhum processo e respeita democracia. Diante disso, declarou que empresa está de portas abertas para prestar qualquer tipo de esclarecimentos.

O Roraima 1 também entrou em contato com a prefeitura de Boa Vista, mas até a publicação desta notícia não obtivemos resposta.

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