“As mulheres indígenas são fundamentais para a equidade e a conservação da biodiversidade. Nós transmitimos sabedoria ancestral, práticas sustentáveis, fortalecemos nossa organização social e fazemos parte da luta pela terra, cultura e contra a violência de gênero”. Com esta declaração, a presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, participou na quinta-feira (9), do Congresso Mundial da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), com a “Sessão Plenária de Alto Nível: promovendo a equidade, repensando a conservação inclusiva”, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Na ocasião, houve o lançamento do Pavilhão dos Povos Indígenas. A diretora de Gestão Ambiental e Territorial da Funai, Lucia Alberta, também participa da agenda.
O evento acontece até 15 de outubro no Centro Nacional de Exposições de Abu Dhabi (ADNEC) e aborda a temática “Acelerando a Conservação Transformadora”. O objetivo do congresso é reformular a discussão sobre equidade social, examinando criticamente se os modelos de conservação atuais realmente abraçam a diversidade ou se continuam a replicar sistemas que marginalizam os próprios grupos que salvaguardam a biodiversidade há gerações, como os povos indígenas.
Equidade social
Dentro deste contexto, a presidente da Funai discursou sobre os esforços de conservação em todo o mundo, que reconhecem que um impacto duradouro requer equidade, inclusão e o envolvimento central dos povos indígenas, mulheres, jovens e comunidades locais. “Buscamos garantir a autodeterminação, a voz e ser parte da tomada de decisão, além do empoderamento econômico, sem os quais não é possível a sustentabilidade e a igualdade”, ressaltou.
Durante a plenária, Joenia Wapichana ainda destacou que, apesar dos compromissos já firmados em eventos mundiais anteriormente, muitas abordagens ainda se enquadram em contextos ultrapassados, onde direitos humanos, gênero, dimensões culturais e étnicas são negligenciadas ou tratadas separadamente dos objetivos ambientais e climáticos. “Os povos indígenas têm conexão com a natureza e os resultados dessa proteção e conservação não são apenas para os povos indígenas, mas para o planeta”, afirmou.
Congresso Mundial da União Internacional para a Conservação da Natureza
Realizado a cada quatro anos, o evento reúne líderes e especialistas globais para discutir os desafios ambientais, implementar o Marco Global da Biodiversidade e propor ações para um futuro sustentável, com um foco em temas como ação climática, equidade e transição para economias positivas para a natureza.
Durante os seis dias de programação, os participantes terão a oportunidade de refletir sobre os modelos de parceria e financiamento que melhor apoiam líderes e comunidades de base na vanguarda da proteção da biodiversidade, ao mesmo tempo em que considera as responsabilidades dos doadores e das organizações internacionais em garantir justiça e equidade nos esforços de conservação.