Foto: Supcom/ALE-RR

O Dia Estadual do Professor Indígena, celebrado em 28 de julho, foi instituído pela Lei nº 1.180/2017 com o objetivo de valorizar esses profissionais e reconhecer sua atuação na preservação da identidade cultural dos povos originários. A legislação também propõe que a data seja comemorada com solenidades nas escolas, exaltando a importância do educador indígena na sociedade e incentivando a participação da comunidade escolar.

Atualmente, a Rede Estadual de Educação de Roraima conta com cerca de 2.800 professores indígenas. Um dos destaques é a professora Índira Thomé Macuxi, que leciona na Escola Estadual Indígena Genival Thomé Macuxi, localizada na comunidade Vista Alegre, zona rural de Boa Vista. A unidade leva o nome de seu pai, também professor, que marcou a história local.

“Meu mundo sempre foi esse aqui. Desde que nasci estou dentro da escola. Todas as minhas tias eram professoras, assim como meus pais. Eu dizia que não queria ser, mas acabei sendo e hoje não me vejo fazendo outra coisa”, relembrou Índira.

Formada em Pedagogia, com especialização em Multiletramentos e Educação Especial Inclusiva, e prestes a se graduar também em Educação Física, ela se dedica a oferecer o melhor ensino aos seus alunos e busca ser uma inspiração.

“A gente ensina que eles podem ser médicos, advogados, engenheiros. E que podem voltar para cá e ajudar a comunidade. Não é porque vivem numa área rural ou numa comunidade indígena que não são capazes. São sim. E muitos já provaram isso”, afirmou.

Para Índira, a data comemorativa representa mais que reconhecimento: é símbolo de resistência e conquista.

“O professor indígena é símbolo de resistência. A nossa influência é muito grande, porque, por meio da educação, conseguimos manter a cultura viva, valorizar nossos saberes, formar lideranças. É através da sala de aula que ensinamos o valor da terra, da nossa história, da nossa língua”, frisou.

Formação de novos educadores

Enquanto Índira forma alunos, a professora Mariana Souza da Cunha contribui para a formação de novos professores indígenas no Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena da Universidade Federal de Roraima (UFRR), onde leciona no curso de Licenciatura Intercultural.

“Eu passei por várias etapas da educação, desde 2003. Sempre gostei dessa troca, de estar em sala de aula. Atualmente, além de ensinar, eu também formo professores indígenas para que eles atuem em suas comunidades”, contou Mariana.

A trajetória dela começou ainda na infância, quando se identificava com o ensino ao ajudar colegas na escola. Hoje, se orgulha de ver ex-alunos ocupando espaços relevantes na educação e na pesquisa.

“É o maior orgulho ver o resultado do meu trabalho. Meus alunos hoje são mestres, doutores, professores. Isso mostra que minha missão está sendo cumprida. Estou devolvendo à comunidade o que eu recebi da universidade pública e gratuita”, declarou.

Para Mariana, a presença de professores indígenas nas salas de aula é um diferencial que fortalece a representatividade e eleva a qualidade do ensino.

“Existe um reconhecimento de identidade que nos aproxima dos alunos. Quando temos a vivência da comunidade, conseguimos relacionar melhor os saberes tradicionais com os conhecimentos acadêmicos. Isso transforma a forma como eles aprendem”, avaliou.

Compromisso com a cultura indígena

Na Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), a valorização dos povos indígenas na educação é permanente. Em 2024, a Casa aprovou a Lei nº 2.055, de autoria do presidente da ALE-RR, deputado Soldado Sampaio (Republicanos), que reconhece 12 línguas indígenas como patrimônio cultural imaterial do estado.

A norma institui a Política Estadual de Proteção das Línguas Indígenas e estabelece a cooficialização desses idiomas em seus respectivos territórios, com diretrizes específicas para a aplicação em projetos educacionais e políticas linguísticas.

Segundo o presidente da ALE-RR, o Dia do Professor Indígena representa muito mais que uma comemoração.

“Celebrar o Dia do Professor Indígena é reconhecer a importância desses educadores na preservação e transmissão dos saberes tradicionais. Eles são fundamentais na construção de uma educação que respeita e valoriza a diversidade cultural dos povos indígenas, fortalecendo as identidades dos povos originários e promovendo um futuro mais inclusivo e justo para todos”, pontuou Soldado Sampaio.

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