O Ministério Público Federal (MPF) ofereceu denúncia contra 33 pessoas acusadas de integrarem uma organização criminosa voltada para o comércio ilegal de ouro da Venezuela. A denúncia é resultado da Operação Jardim das Hespérides, deflagrada em dezembro do ano passado.
A organização era formada por empresários, funcionários, servidores públicos e fornecedores. Segundo o inquérito, entre 2017 e 2019, os acusados movimentaram ilegalmente pelo menos 1,2 tonelada de ouro para o exterior, com a sonegação de mais de R$ 25 milhões em impostos.
O ouro vendido, de acordo com cotação atual, equivale mais de R$ 342 milhões. Apenas no ano de 2018 a empresa que recebia o ouro em São Paulo teria exportado mais de 1 bilhão de reais em ouro, e mais que triplicado seu faturamento nos últimos 3 anos.
No fim de 2019, a Polícia Federal deflagrou a operação para investigar a organização criminosa. As investigações tiveram início em setembro de 2017, após apreensão de aproximadamente 130 gramas de ouro no Aeroporto de Boa Vista, destinados a uma empresa em São Paulo. Uma nota fiscal de compra de “sucata de ouro” acompanhava o metal, sendo verificado pela PF que se trataria de um documento falso.
Os indícios constantes no Inquérito Policial apontam que o grupo criminoso seria composto por venezuelanos e brasileiros que, residindo em Roraima, comprariam ilegalmente ouro extraído de garimpos da Venezuela e de garimpos clandestinos do estado. Com o auxílio de alguns servidores públicos que integrariam a organização criminosa e receberiam propinas, tentariam dar um aspecto de legalidade ao metal por meio da emissão de documentos falsos por empresas de fachada.
O ouro, então, seria comercializado para uma empresa especializada na recuperação de minérios, localizada no interior de São Paulo. Mesmo com os latentes indícios de irregularidades acerca da origem do minério, a empresa o receberia e venderia para o exterior.
A empresa suspeita também compraria o metal precioso de um outro grupo, baseado no Amapá, alvo da operação Ouro Perdido da PF, contra a comercialização de ouro extraído ilegalmente e que foi deflagrada em junho deste ano.
Um dos alvos da operação Hespérides possui ordem de prisão em aberto expedida pela justiça da República Dominicana por tráfico de drogas e lavagem de capitais e consta em lista de difusão vermelha da Interpol.