Foto: Reprodução/Redes Sociais

Durante a abertura do ciclo COParente, nesta terça-feira (12), a liderança indígena e copresidente do Fórum Internacional de Povos Indígenas sobre Mudanças do Clima, Sineia do Vale, criticou a dificuldade na ocupação de espaços em eventos climáticos, como a COP30, pelos povos indígenas. O COParente é um evento preparatório para o COP30, e encerrou nesta quarta-feira (14). As atividades foram realizadas no Lago Caracaranã, na Terra Indígena Raposa do Sol, em Roraima.

Em discurso no evento, Sineia chamou de “caminho árduo” as trilhas percorridas pelas lideranças indígenas na ocupação destes grandes espaços.

“É um caminho árduo traçado pelas nossas lideranças, que já participaram anteriormente da COP e lutaram para que esses espaços fossem ocupados por nós indígenas, e a gente chega à COP 0 no Brasil, que vai reunir o maior número de povos indígenas, um marco histórico. Nesses espaços, nós levamos as experiências que temos enquanto povos indígenas, garantindo o direito de fala e de decisão”, destacou Sineia.

COParente

O evento realizado pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), reúne lideranças tradicionais e convidados, debatendo sobre os espaços da COP30, e as contribuições que vão compor uma agenda climática indígena para ser apresentada na conferência da ONU.

A ministra do Povos Indígenas, Sonia Guajajara, participou da abertura do evento, onde falou sobre a denúncia do Conselho Indígena de Roraima (CIR), anfitrião do evento, sobre o avanço do garimpo ilegal na Terra Indígena Raposa Serra, com estruturas criminosas se expandindo na região com uso de maquinário pesado, financiamento de empresários e até aliciamento de jovens indígenas.

“Viemos ao território acompanhar uma série de ações para promover o bem viver dos povos que vivem na TI. Atuação firme contra o garimpo ilegal, que já foi reduzido em 98%, com a presença permanente do Estado. A Raposa Serra do Sol é, sim, um ponto de atenção. Temos acompanhado as denúncias feitas pelo Conselho Indígena de Roraima, e também por meio de monitoramento de inteligência. Já houve operações pontuais para retirar invasores e evitar o aumento da atividade ilegal”, disse a ministra.

A ministra citou a operação história de 103 quilos de ouro apreendidos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Boa Vista. “Estamos trabalhando no serviço de inteligência para identificar para onde esse ouro está indo e quem está comprando. Sem comprador, o garimpo perde força”, completou.

A presidente da Funai, Joenia Wapichana, também participou do COParente. Na abertura do evento, a gestora afirmou, que durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) não participava ativamente da agenda política indígena.

“Nós estamos fazendo história. A Funai, no governo passado, era proibida a participar dos movimentos dos Povos Indígenas. Hoje a Funai fica ao lado dos povos indígenas. Eu acredito que esse é o momento de Roraima estar contribuindo com a discussão que vai afetar a todos, que é as mudanças climáticas”, finalizou a presidente.

Deixe seu comentário

Please enter your comment!
Please enter your name here