Ex-deputada federal e Presidente da Funai, Joenia Wapichana. Foto: Mayra Wapichana/Funai

“O fortalecimento da identidade indígena como valor social e político no processo democrático, tem ganhado cada vez mais destaque. Nas eleições municipais de 2024, as candidaturas indígenas receberam mais de 1 milhão de votos, o maior registro da história. Foram 9 prefeitos eleitos e 241 vereadores indígenas atuando nas cinco regiões do país”. Foi o que destacou a presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, nesta quarta-feira (17), em Belém – PA.

A declaração foi durante o Fórum Nacional VerDemocracia, promovido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em parceria com o Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA). O evento é alusivo ao Dia Internacional da Democracia, comemorado em 15 de setembro, e reúne especialistas da Justiça Eleitoral e convidados, no período de 15 a 17 de setembro, para debater os principais desafios das Eleições Gerais de 2026.

Segundo Joenia, a participação expressiva dos povos indígenas nas Eleições Municipais de 2024 evidencia a vontade e a necessidade de estarem inseridos no processo de cidadania exercendo seus direitos civis e políticos, principalmente no que tange uma democracia mais sustentável e que respeita a natureza e a diversidade.

“Os povos indígenas estão em todo o Brasil, desde a Amazônia até o Sul. São 305 povos, 274 línguas faladas e mais de 1 milhão e 700 indígenas inseridos em todos os biomas brasileiros. Essa diversidade traz a reflexão para que tenhamos uma orientação mais voltada às  políticas públicas, inclusive nos processos eleitorais em relação à diversidade geográfica, étnica, linguística e cultural”, afirma.

Para a presidenta da Funai, essa inclusão é uma oportunidade de reforçar a pauta indígena tanto no Poder Executivo quanto no Legislativo. “É o momento de  fortalecer não apenas o diálogo intercultural nas instituições democráticas, mas também o futuro do planeta”, avalia.

Outro ponto abordado foi os desafios que os povos indígenas ainda enfrentam para garantir seus direitos constitucionais no contexto eleitoral. Entre eles, a logística e acesso às urnas em Terras Indígenas (TIs) mais distantes, a importância da acessibilidade linguística e cultural no processo eleitoral, a consolidação de políticas de inclusão e o reconhecimento do papel das organizações indígenas como pilares da democracia participativa.

“É fundamental que a Justiça Eleitoral garanta a igualdade no exercício da cidadania aos povos indígenas, equiparando as candidaturas aos critérios de ações afirmativas, a distribuição proporcional de recursos, um sistema mais inclusivo e representativo, além do tempo gratuito nos meios de comunicação”, ressaltou Joenia Wapichana.

Na ocasião, a presidenta explanou ainda sobre o contexto histórico dos avanços da participação dos povos indígenas na política, relembrando Mário Juruna, o primeiro líder indígena eleito como deputado federal, em 1982. “É importante entender todo processo da exclusão histórica e a marginalização dos povos indígenas e tradicionais, que não são minoria, como muitos pensam, mas sim a maioria”, destaca.

No mesmo âmbito, Joenia Wapichana, primeira mulher indígena eleita a assumir cargos de liderança na política brasileira, como deputada federal, em 2018, pelo estado de Roraima e, em 2023, a presidência do principal órgão indigenista oficial do Estado brasileiro, defendeu a importância da participação indígena na expansão das candidaturas e mandatos em diferentes esferas governamentais, além do protagonismo na defesa do meio ambiente e do clima.

Apesar das declarações, Joenia Wapichana ainda não adiantou se será novamente candidata por Roraima nas próximas eleições. Em 2022, ela obteve 11.221 votos.

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