A Polícia Civil concluiu, nesta segunda-feira, dia 24, a investigação sobre a morte da defensora pública Geana Aline de Souza Oliveira, de 39 anos, e indiciou a médica M.S.G.V., de 35 anos, por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, em razão de negligência e imperícia durante procedimento ginecológico. A defensora morreu no dia 25 de março após complicações decorrentes da tentativa de implantação de um DIU (Dispositivo Intrauterino), realizada em um consultório particular no dia 18 do mesmo mês.
A apuração foi conduzida pela delegada Jéssica Muniz Abrantes, do 1º Distrito Policial, que determinou oitivas, perícias técnicas, coleta de documentos médicos e inspeções sanitárias para reconstruir os fatos.
“Desde o início buscamos provas técnicas que nos permitissem separar fatos de boatos. Trabalhamos com laudos, exames, perícias e oitivas para reconstruir, com precisão, o que levou à morte da paciente”, afirmou a delegada.
Infecção grave e falhas sanitárias identificadas
Segundo o inquérito, a vítima apresentou febre intensa, dor pélvica aguda e sinais de infecção progressiva logo após o procedimento. Perícias confirmaram infecção pélvica grave com necrose dos órgãos reprodutivos, evoluindo para choque séptico, causa da morte.
Nos primeiros dias após o caso, circularam rumores de que Geana estaria grávida ou teria passado por aborto, hipóteses que foram descartadas tecnicamente.
“As especulações públicas não encontraram respaldo nas provas. Geana não estava grávida e não houve aborto”, declarou a delegada.
Uma inspeção realizada pela Vigilância Sanitária do Município e do Estado, acompanhada pela Polícia Civil, encontrou falhas graves de esterilização de instrumentos e recomendou a suspensão de procedimentos cirúrgicos ambulatoriais no consultório, além de constatar que o material de reuso era manipulado por pessoa sem qualificação técnica, aumentando o risco de contaminação.
“O laudo de inspeção sanitária foi um elemento determinante. Ficou claro que não havia observância de protocolos básicos de biossegurança”, disse.
Falta de encaminhamento médico adequado
De acordo com a investigação, a médica identificou alterações clínicas relevantes, mas não forneceu documento formal de encaminhamento de urgência, elemento considerado essencial para o manejo clínico adequado.
“A ausência desse encaminhamento dificultou, em primeiro momento, a condução do atendimento hospitalar”, pontuou a delegada.
Conclusão e indiciamento
Com base no conjunto probatório e laudos médicos, a delegada concluiu que as falhas no procedimento e no manejo clínico contribuíram diretamente para o quadro infeccioso fatal, caracterizando negligência e imperícia.
“Não se trata de acusação leviana, mas de conclusão técnica: os elementos apontam que o procedimento e as falhas associadas a ele foram determinantes para o desenvolvimento da infecção que levou à sepse”, afirmou.
A médica foi indiciada por homicídio culposo e o procedimento foi encaminhado ao Ministério Público de Roraima (MPRR), que dará prosseguimento à análise para eventual denúncia criminal.








