A Polícia Civil de Roraima (PCRR), por meio da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), com apoio do Departamento de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública de Roraima (Sesp),  investigou por meses uma série de estupros coletivos e roubos registrados entre novembro e dezembro de 2024. As investigações levaram à prisão e à posterior condenação de dois venezuelanos: K.J.F.G., de 32 anos, e J.C.U.C., de 20 anos. As penas somadas ultrapassam 138 anos de prisão, a serem cumpridos em regime fechado.

Segundo a delegada Kamilla Basto, responsável pelo inquérito, as investigações revelaram que os criminosos não agiam de forma aleatória: estudavam previamente as residências, identificando locais com presença majoritária de mulheres ou situações de vulnerabilidade, como casas sem muros ou com acesso facilitado. Durante a madrugada, invadiam os imóveis armados com facas, cometendo atos de violência sexual e física, além de subtrair objetos pessoais das vítimas.

“Uma das vítimas ficou ferida na mão, por golpes de faca aplicados durante o ataque. Foi um comportamento cruel e meticulosamente planejado”, relatou a delegada.

As investigações começaram em novembro de 2024, após dois casos com o mesmo modus operandi. Com o apoio do DEINT, foi possível identificar que objetos roubados estavam sendo revendidos por meio das redes sociais, o que levou à localização de uma terceira suspeita, uma mulher de 34 anos, que foi presa em flagrante por receptação qualificada durante a operação.

A operação foi deflagrada no dia 10 de janeiro de 2025, em uma vila com mais de 10 apartamentos, no bairro Pintolândia, zona Oeste da capital. Policiais da DEAM e do DEINT cumpriram mandados de busca e apreensão e localizaram diversos objetos roubados: bolsas, roupas, celulares, maquiagens, chips telefônicos e até esmaltes.

No mesmo dia, as vítimas foram acionadas e fizeram reconhecimento formal dos autores e de seus pertences, fortalecendo as provas reunidas.

“Desde o início, fizemos um trabalho de rastreamento dos objetos subtraídos no intuito de chegar até os autores dos estupros coletivos e roubos. Quando localizamos um dos indivíduos com objetos produtos dos crimes, descobrimos que, na verdade, ele e o primo eram os autores dos delitos sexuais. Os reconhecimentos foram decisivos. Todas as vítimas e testemunhas reconheceram a dupla como autores, assim como as vestimentas utilizadas por eles durante a prática dos delitos”, explicou Kamilla Basto.

Segundo a delegada, com base nas provas, imagens, monitoramento, depoimentos, objetos recuperados e confissão de um dos suspeitos, representou pelas prisões preventivas, que foram deferidas no mesmo dia em que foram apresentados na Audiência de Custódia pela Justiça. Os dois investigados foram denunciados pelo MPRR (Ministério Público de Roraima) por estupros coletivos e roubos majorados.

A sentença foi proferida pela VCCV-TJRR (Vara de Crimes Contra Vulneráveis do Tribunal de Justiça de Roraima), que condenou K.J.F.G. a 66 anos, dois meses e 28 dias de reclusão, e J.C.U.C. a 72 anos, seis meses e 19 dias, ambos em regime fechado.

“Essa condenação é fruto do trabalho técnico da DEAM com apoio do Departamento de Inteligência da SESP. Foram quatro vítimas de estupro e duas de roubo apuradas nesse processo. Ainda há um quinto caso envolvendo uma criança de 10 anos, que aguarda julgamento e pode elevar ainda mais as penas”, destacou a delegada.

Kamilla Basto ressaltou que essa investigação foi longa, articulada e conduzida com extremo cuidado por toda a equipe da DEAM, com o imprescindível apoio do DEINT.

“Cada policial envolvido demonstrou comprometimento absoluto com a proteção das vítimas e com a elucidação dos crimes. Reafirmo: o silêncio protege os agressores. Por isso, é fundamental que vítimas e testemunhas de qualquer forma de violência tenham coragem de denunciar. Só assim é possível responsabilizar os autores e evitar que novas vítimas surjam”, concluiu a delegada Kamilla Basto.

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