Foto: Divulgação/Cáritas brasileira

Foi suspenso a partir dessa segunda-feira (27) o projeto emergencial de água, saneamento e higiene das instalações sanitárias que atendem migrantes em Roraima. A interrupção, determinada por uma ordem do governo dos Estados Unidos em 24 de janeiro, afetará as operações por um período de 90 dias. A medida, segundo a Cáritas Brasileira, foi tomada para realizar uma “reavaliação e realinhamento da ajuda externa”.

O projeto, intitulado “WASH Orinoco: Águas que Atravessam Fronteiras”, oferece serviços gratuitos de água, saneamento e higiene às populações migrantes em Boa Vista e Pacaraima desde 2019. As estruturas atendem, também, a cidadãos brasileiros em situação de vulnerabilidade social e econômica.

Atualmente, três unidades de higiene estavam em funcionamento, com banheiros, chuveiros, lavatórios, lavanderia e bebedouros com água potável. Entre julho de 2019 e dezembro de 2024, mais de 100 mil pessoas foram beneficiadas pelos serviços, com 1,1 milhão de acessos contabilizados. O custo anual do projeto em 2024 foi de R$ 4 milhões, com financiamento integral do governo dos Estados Unidos, por meio do Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM).

Com a paralisação, migrantes que dependiam das instalações, como Lucimar Hernandez, ficaram sem alternativas para realizar atividades básicas de higiene, como tomar banho ou usar os banheiros. As instalações em Boa Vista, que funcionavam de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, estão agora com os portões trancados e um cartaz informando sobre a suspensão dos serviços.

Além do projeto WASH, a Cáritas Brasileira também mantém outro programa emergencial em Roraima, o “Sumaúma: Nutrindo Vidas”, que oferece refeições diárias para pessoas em situação de extrema vulnerabilidade. Esse programa, até o momento, não foi afetado pela decisão do governo americano.

A suspensão das atividades é resultado de uma decisão do governo dos Estados Unidos de revisar seus repasses de ajuda humanitária a outros países. Durante os 90 dias de suspensão, o Departamento de Estado Americano realizará uma análise dos programas em andamento para avaliar sua conformidade com as políticas externas do governo Trump.

Roraima é o principal ponto de entrada de migrantes venezuelanos no Brasil, e as operações de apoio, como o projeto da Cáritas, são essenciais para atender as necessidades básicas dessa população.

A Operação Acolhida, coordenada pelo governo federal, também oferece apoio a migrantes, mas a suspensão de serviços como o fornecimento de água e higiene representa uma redução significativa no suporte disponível para esses grupos.

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