Na comunidade indígena da Raposa, situada em Normandia, no interior do estado, a principal fonte de renda é o artesanato. Índios da etnia Macuxi, arriscam na agricultura e pecuária, mas dependem, essencialmente, da produção de panelas de barro.
Segundo o tuxaua da comunidade da raposa, Damildes Fidelix Paulino, o que era só tradição, virou marca. “Não é só uma questão de manter a cultura dos povos indígenas, é geração de renda. Boa parte da comunidade depende diretamente disso. Precisamos fortalecer nossa identidade cultural para que isso não se perca e que o nosso povo não precise ir para cidade em busca de sobrevivência. Hoje nós enfrentamos um problema grave em diversas comunidades indígenas, com a bebida, a droga e a prostituição. O artesanato é uma forma de ocupar nossos jovens, evitando assim que os nossos valores se percam”, disse.
Para a artesã Joana Souza, que há 40 anos aprendeu o ofício com a tia, é uma forma de perpetuar a tradição de seu povo. “Pretendo fazer isso pelo resto da minha vida. Sou feliz assim, e pretendo continuar. Eu mesmo já ensinei a muita gente a fazer. Nem todos continuaram fazendo, mas o que continuam, fazem bem feito. Isso é tradição, isso não pode acabar”, enfatizou.
A dona de casa, Varna Banhara, foi até a comunidade indígena, em Normandia, para conhecer o trabalho feito à mão. Ela já possui uma das panelas de barro feita pelas índias, e voltou para comprar mais. “Não sei o porquê, mas a comida fica diferente, mais saborosa. Uso a que tenho para fazer galinha caipira para a minha família e hoje retornei aqui porque quero ampliar o cardápio da minha casa com essas panelas que, além de lindas, são espetaculares”, destacou.
MACUXI
A comunidade da raposa fica situada a cerca de 250 quilômetros da capital, Boa Vista, e o acesso é pela BR 401. O maior trecho é por estrada de terra. Hoje a comunidade possui cerca de 870 moradores que dependem diretamente da fabricação das panelas para o sustento.