A Companhia Arteatro, de Roraima, chega ao estado do Amapá com duas apresentações gratuitas do espetáculo Gotas de Saberes, que propõe a contação de histórias do povo originário da etnia Macuxi em forma de teatro. No dia 15 de julho, às 16h, a peça será encenada no Quilombo de Ilha Redonda (BR-210, km 14), e no dia 16 de julho, às 19h, no Teatro Marco Zero, em Macapá. As apresentações fazem parte da circulação do grupo por cinco estados da Amazônia, por meio do Programa Rouanet Norte e patrocínio do Banco da Amazônia.
A Cia Arteatro é formada por integrantes negros e indígenas, por isso a apresentação no quilombo é um dos momentos mais simbólicos da turnê, unindo expressões culturais de matriz africana e indígena em um mesmo território. “Levar o nosso teatro para ser apresentado num quilombo, um lugar onde os povos originais de matriz africana instalam a sua cultura, é muito importante. Saber da relação das pessoas de matriz africana com os indígenas e como ela transita na vida das pessoas, isso interessa bastante para nós”, destaca o diretor geral do espetáculo, Márcio Sergino.
A circulação de Gotas de Saberes, com gênero infantil, em cinco estados da região Norte, celebra os 32 anos do grupo Arteatro e os dez anos do Espaço Usina Cultura, sede da companhia. Além do Amapá, o espetáculo já foi apresentado em Roraima e no Pará e, em agosto, chega aos estados do Amazonas e de Tocantins.
O espetáculo tem formato adaptável para apresentação em vários espaços alternativos, desde o teatro, passando pelos quintais e escolas até comunidades indígenas e quilombolas, com duração de 40 minutos, e atuação de Aravis, Márcio Sergino e Silmara Costa. Durante a peça, ganham vida personagens como Timbó, Onça Zeleida, Jabuti e Camarão Pajé, figuras recorrentes nas histórias contadas pelos ancestrais indígenas. O trio consegue encantar o público, arrancar gargalhadas e transmitir a riqueza cultural do povo Macuxi. Todas as atividades possuem acessibilidade em Libras.
Gotas de Saberes é uma obra que transcende as barreiras do público infantil, encantando espectadores de todas as idades. A peça propõe a contação de histórias em forma de espetáculo, com texto inspirado em histórias do povo Macuxi, maior população indígena de Roraima, elaborado pelos atores Anderson Nascimento, Márcio Sergino e Silmara Costa a partir do conto original e do processo de experimentação e vivência pessoal de cada um.
A adaptação Gotas de Saberes traz elementos da infância, de experiências vividas e ancestralidade dos atores, com músicas na língua originária Wapichana, segunda maior população indígena de Roraima. A peça é a concretização do desejo da companhia de realizar um espetáculo que aborde as suas raízes, a sua identidade amazônica e roraimense e contou com a assessoria do dramaturgo e encenador Márcio Marciano na direção e na dramaturgia.
Com o patrocínio do Banco da Amazônia, essa é a primeira vez que o espetáculo chega em Macapá. “Conhecer Macapá e o movimento teatral de lá sempre foi um grande interesse da nossa parte. Ir à Linha do Equador, vivenciar o marabaixo, música que nós já pesquisamos muito. Interessa bastante para nós conhecer o lugar, conhecer essa movimentação toda, o teatro municipal e a culinária de Macapá. Então, vamos ao Amapá!”, destaca Sergino.
Silmara Costa, atriz, produtora cultural e gestora do Usina Cultura, enfatiza as dificuldades de circular por outros estados da região Norte devido ao custo amazônico e a importância dos patrocínios e apoios financeiros para a circulação do espetáculo. “É muito caro viajar pelo país, e a gente tem a questão do fator amazônico, ou custo amazônico, que deixa tudo mais caro para quem mora na região. Seria impossível a gente circular pelo Norte, se nós não tivéssemos um aporte como esse. Então, a gente está bastante feliz, é um desejo antigo nosso que se concretiza graças à lei Rouanet”, frisa.
Além disso, a gestora destaca que o Programa Rouanet Norte gera economia nos locais que o espetáculo chega. “Você precisa contratar uma série de outras pessoas, como produção, assessoria, tradutores, precisa de hospedagem, passagens, alimentação, então tem toda uma economia que gira em torno”, explica.