Foto: Maurício de Paiva/Pesquisa FAPESP

O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) enviou pedido de esclarecimentos à OpenAI, empresa criadora do ChatGPT, sobre o concurso internacional “OpenAI to Z Challenge”, que incentiva o uso de inteligência artificial e bases de dados públicas para identificar sítios arqueológicos na Amazônia. A informação foi divulgada pela Folha de S.Paulo nesta terça-feira (19).

O “OpenAI to Z Challenge” oferece US$ 400 mil em prêmios, distribuídos entre dinheiro e créditos de API. As inscrições foram encerradas em 29 de junho e os finalistas ainda não foram divulgados.

O nome do desafio faz referência à expedição do explorador britânico Percy Fawcett, desaparecido em 1925 na floresta amazônica em busca da suposta cidade perdida de “Z”. A competição propõe retomar essa narrativa histórica em uma abordagem científica e tecnológica, utilizando inteligência artificial para cruzar grandes volumes de dados sobre a região.

O concurso prevê que equipes de pesquisadores utilizem o ChatGPT para organizar e interpretar informações disponíveis em bases públicas, como relatos históricos, registros orais e imagens de satélite. O modelo de linguagem atua como ferramenta de análise e cruzamento de dados, sem treinamento adicional com as informações coletadas, segundo a OpenAI.

MPI pede detalhes à OpenAI

O MPI informou que acompanha a iniciativa com atenção e solicitou detalhes sobre os procedimentos jurídicos e metodológicos adotados. A pasta também pediu que a divulgação de mapas com possíveis localizações de sítios arqueológicos seja suspensa até que haja entendimento com órgãos competentes no Brasil.

Resposta da OpenAI

Em nota, a empresa declarou que o projeto foi elaborado em colaboração com pesquisadores e que serão utilizados apenas dados públicos, sem fins comerciais ou de treinamento de modelos. A OpenAI acrescentou que pretende seguir a legislação brasileira e manter diálogo com instituições nacionais.

Posicionamento da Sociedade de Arqueologia Brasileira

A Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB) manifestou preocupação com a ausência de diretrizes éticas e a falta de consulta a povos indígenas e comunidades tradicionais. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) também expressou receio de que a divulgação de informações possa expor locais sensíveis e facilitar acessos não autorizados.

Parte dos pesquisadores avalia que ferramentas como LiDAR e inteligência artificial podem contribuir para o estudo do território amazônico, desde que aplicadas com protocolos adequados e consulta prévia a comunidades locais.

 

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